Ela chega em casa exausta. Joga sua bolsa no
sofá e encaminha-se para o banheiro. Abre a torneira da banheira, regulando a
água para uma temperatura agradável, nem muito quente, nem muito fria: tépida.
Livra-se de suas vestes com impaciência. O barulho da água a jorrar é um
convite para o seu corpo cansado. Com a ponta do pé testa a temperatura antes
de entrar. Perfeita! Mergulha seu corpo aos poucos, até ficar submersa,
mantendo apenas o rosto fora d’água, entregando-se ao toque suave e morno, como
uma carícia reconfortante a envolvê-la. Sente-se como se estivesse de volta ao
útero materno. Fecha os olhos lentamente e deixa-se invadir por essa gostosa
sensação. Nada mais existe nesse momento, além dessa leveza, além desse torpor.
Deve ter adormecido por um breve instante. Escuta ao longe o telefone que toca,
despertando-a para a vida, mas não encontra forças para se levantar. Deixa-se
ficar, então, nada há de ser tão importante que não possa esperar.
Ianê Mello
(30.10.12)
*
Pintura de Alyssa Monks.
Ianê Mello
(30.10.12)
*
Pintura de Alyssa Monks.
Nenhum comentário:
Postar um comentário