Coisas amontoadas, sobrepostas
Umas sobre as outras, empilhadas
Como coisas sem valor
que vamos jogando num canto
e depois se torna um amontoado de lixo inútil
que não sabemos que fim dar
Mas será que é só isso que significa
esse empilhado de coisas em nossa vida?
Ou falta-nos senso de organização
e uma pitada de sensibilidade
pra sabermos dar lugar as coisas
O tempo também é responsável por tamanha displicência
Pois para tudo falta-nos tempo
Torna-se mais fácil jogar tudo numa única pilha
como se não houvesse a mínima difrença entre as coisas:
de importância, de valor, de prioridade
Coisas amontoadas... O que são?
Devemos ter discernimento e sapiência
pra procurar dar-lhes o devido significado
e a devida relevência que cada qual merece
Pois o que se amontoa, se sobrepõe
e, por vezes, encobre algo de grande valor
que deveria estar em lugar de destaque
e se confunde, escondido entre os escombros
E nossa vida, o que se torna, uma casa em ruínas?
Com segredos guardados, amontoados uns sobre os outros
E como nos achamos nós em meio à esse caos?
Onde estamos nós?
Talvez perdidos, encobertos por coisas e mais coisas
que se sobrepõe sobre nós e nos pesam
e nos impedem de sequer nos movermos
Fazemos nós, então, parte desses escombros?
Ianê Mello