domingo, 7 de agosto de 2016

ANÔNIMO URBANO


Do alto de minha janela
vejo as ruas e seus transeuntes
tão minúsculos vistos de cima
engolidos por uma espiral caótica
em seu ritmo louco e alucinado
tragados pela imensa selva urbana
anônimo que sou nesta engrenagem
entocado em meu pequeno latifúndio nas alturas
vivo um dia após o outro sem sobressaltos
impassivo eu sigo sem expectativas
e na lentidão das horas me perco
protegido da convivência humana
isolado em minha própria solidão


(06.08.16)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

DESGOVERNADA



Esperas infindas
gestos perdidos
abraços guardados

êxtases fugazes
palavras desditas
irreal paisagem

em terras estranhas
em mares bravios
perdido em tempestades

Ah, o amor...
esse animal indomável
simplesmente me leva

Pra onde
não sei...


Ianê Mello.
(06.01.16)

domingo, 22 de fevereiro de 2015

SUA AUSÊNCIA




Eu sinto tanto
tanto a sua falta
amores escondidos
em tardes nuas
olhares entorpecidos
em brancas nuvens
bocas emudecidas
num doce beijo

Ah, eu sinto tanto
tanto a sua falta
corpos entrelaçados
num tácito encontro
desejos adormecidos
em lençóis de seda
almas interligadas
numa espera muda

Ah, como eu sinto
sinto tanto a sua falta
noites enluaradas
ao balançar da rede
palavras sussurradas
ao pé do ouvido
corpos anestesiados
pela embriaguez do vinho

Ah, mas como eu sinto
sinto tanto a sua falta
nas manhãs ensolaradas
quando desperta do sonho
em minha cama vazia
seu corpo não mais repousa
e nessa ausência doída
abraço seu travesseiro

e em lágrimas que não contenho
deságuo minha solidão
numa súplica inútil e vazia
enquanto a realidade me chama
ao despertar do relógio
que anuncia mais um dia

tendo apenas na solidão
minha única companhia



Ianê Mello
(20.02.15)


* Arte de Anka  Zhuravleva




sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

IMPERMANÊNCIA





Em minha finitude
contemplo o eterno

abraço o instante
... ternamente

e guardo na memória
... jóia rara

toda a beleza do momento

se eterniza na entrega


Ianê Mello
(20.02.15)