Ela foi ferida no peito
por punhais de afetos impuros
que lhe sangraram a alma,
deixando marcas profundas
em seu coração ainda puro
Sim, é sangue o que escorre
de seu corpo quase inerte
Vermelho sangue humano
a escorrer pelo chão
em que pisas sem critério
Ela sente-se impura, frágil
e procura em si uma razão
que justifique tal sentir
Uma explicação para um existir
tão sofrido e sem sentido
Quase pede perdão por ter nascido
embora procure para si
um espaço que lhe caiba
nesse mundo cão
E num grunhido,
gemido sentido de dor,
ao chão se atira
quase em súplica,
como um bicho
quase humano
que rasteja
à procura de uma mão
que o afague
Como um cão que apedrejado,
ferido e triste no abandono
se arrasta fielmente
ao encontro de seu dono.
Ianê Mello
À Marcelo Novaes, que com sua prosa poética tocou minha alma, transformando meu sentir nesses versos que aqui escrevo em sua homenagem.
Com meu carinho e admiração.
http://prosaspoeticas-marcelo-novaes.blogspot.com/
Leia: O Tinir do Bronze
6 comentários:
Ianê,
É sempre bom evocar a voz do outro, amiga. Constato que meus poemas, muitas vezes, tocam as notas tristes de quem já sabe em que tipo de mundo vivemos.
Beijos, e obrigado!
Marcelo.
Marcelo,
sua escrita forte e pungente, de quem compreende e sente a dor humana, o que, aliás, sua profissão lhe proporciona e acentua, me remete à profundas reflexões e, algumas delas, consigo transformar em palavras.
Apenas retribuo o que tenho recebido, amigo. Eu que agradeço.
Beijos.
A paixão tem dessas coisas.
A paixão cega...
Beijos.
A escolha é difícil, todos os seus poemas são excelentes...
Mas também voto neste.
Um beijo.
Nilson,
bom que gostou.
Bjs.
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