Hoje, a angústia se fez minha companheira ao fitar um prédio em chamas. Prédio próximo à minha residência. Podia vislumbrar as chama através de seu reflexo na janela do prédio em frente ao meu. Pessoas nesse prédio se avolumavam nas varandas , movidas, talvez, pela mesma apreensão que eu e outras, acredito, que por mera curiosidade (o ser humano costuma ser curioso, mas nem sempre solidário). De onde eu estava, só conseguia ver com muita dificuldade, o prédio envolto em espessa fumaça que se espalhava. O fogo lambia lento, vagarosamente... ganhando força com o vento.
Saí à rua, pois estava próxima ao local do incêndio. Chegando lá vi que o trânsito havia sido desviado, pois a rua em que o prédio se localiza estava parcialmente interditada, onde carros de bombeiros estacionados liberavam seus homens com suas mangueiras para lutar contra o fogo insano. A dificuldade para acessar a parte do prédio incendiada era grande. Esses corajosos homens buscavam por todos os meios encontrar o melhor acesso para poderem deter o incêndio, bem como para resgatar pessoas que se encontravam ainda dentro dele, com suas vidas correndo risco. Assim como eu, pessoas saíram de suas casas e se amontoavam na rua para ver de perto o que se passava. Mas mal se podia ver a parte do prédio atingida, pois havia um recuo para chegar ao mesmo e a parte atingida pelo fogo ficava no bloco detrás, o que impedia uma visão mais clara. Como terá começado esse incêndio, o que o terá provocado? Ninguém sabia. Quando voltei para casa, liguei a televisão em busca de notícias, pois me sentia aflita e queria saber se havia vítimas. Quase nada se falava, apenas o superficial, pois ainda ninguém sabia de nada mais concreto. Que havia vidas em risco era lógico para qualquer um, mas quantos e qual a gravidade, não se imaginava. Agora sei que houveram algumas vítimas, mas ianda não sei o estado em que se encontram. Fatos assim nos levam a sentir o quão frágil é a vida. Podemos estar tranquilamente em casa ou chegando do trabalho para o merecido descanso e sermos surpreendidos com esse tipo de fatalidade.
Imaginei aquelas pessoas que estavam dentro do prédio. Sua agonia, seu desespero, seu medo da morte e pedi por elas. Imaginei também, àquelas que chegaram de seu trabalho e encontraram esse quadro terrível.
É... viver é estar preparado para tudo, inclusive para o inevitável fim que um dia certamente chegará.
Ianê MelloCréditos da imagem: Olhares.com
Uma cidade em chamas, por Bruno Miranda.
4 comentários:
Isso a que muitos chamam de "destino" e que o Paulo Coelho refere como o "inevitável" - o encontro com o fim - que voce muito bem construiu nesse belo texto. Bjs sulinos
Muito belo o seu texto e muito triste,também...seus labirintos tocam fundo mostrando a fragilidade do ser humano.
Bjsssssssss,Leninha.
Há quanto tempo, Ivan! Bom vê-lo aqui.
Obrigada pela presença amiga.
Bjs.
Leninha,
que bom que aprecia meus labirintos.
Volte sempre.
Bjs.
Postar um comentário