sábado, 2 de fevereiro de 2013

VENTO NA VIDRAÇA





O corpo treme e o coração bate agitado enquanto a madrugada avança com seu manto impiedoso da solidão e a tempestade lá fora  contribui com assombrosos  ruídos dentro da noite escura que faz projetar sombras nas paredes nuas como fantasmas que assombram trazendo uma maldição aos habitantes desta casa sombria nos arredores do nada envolvida por gigantescas árvores que balançam ao vento provocando arrepios com o som de seus galhos a se baterem freneticamente contra  as vidraças enquanto ela a tudo assiste num misto de medo e fascínio com sua boca entreaberta de espanto quando escuta num sobressalto ao um estrondoso baque que parece vir do quintal e paralisada de terror encolhe-se no canto da sala e lá permanece a espera de algum acontecimento que justifique tal ruído fechando seus olhos por um breve instante quando num arrepio sente algo roçar em sua perna e sem coragem de abrir os olhos deixa escapar um grito aterrorizado quando sente algo úmido em seus pés descalços e ao abrir seus olhos após um longo esforço vê um par de olhos amarelados cravados nos seus e um som familiar lhe soa aos ouvidos. 




Ianê Mello

(29.01.13)

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Fotografia de Manlarr.

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