quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

NA SOLIDÃO DA NOITE



Há que endurecer o coração para suportar a dor
Difícil tarefa para uma sensibilidade apurada
A duras penas assisto o rolar das lágrimas
Onde dentro em mim há um grito mudo
Uma criança assustada pede socorro
Mas tapo meus ouvidos as súplicas inúteis
O adulto que me habita não permite trégua
Não há remédio que aplaque a solidão da noite
Quando o dia cai e o sol se esconde
Sentimentos de vazio se apoderam da mente
Inquietudes da alma desabrocham em flor
Mas não há perfume que dela exale
Nem beleza em sua forma e cor
Tudo o que era vivo adormece
O silêncio pesa tornando o ar rarefeito
Só meu corpo permanece acordado
Nas lembranças e desejos tardios
A espera que o dia novamente amanheça



Ianê Mello
(30.01.14)

*

Pintura de Francine Van Hove.

Um comentário:

Dilmar Gomes disse...

Amiga Ianê, agracias teus leitores com mais um poema bem estruturado.
Um abraço. Tenhas um lindo fim de semana.