sábado, 23 de julho de 2011

O Ato Da Criação - Benfazeja







Poemas por, Ianê Mello 


O Poema


Poema
quando surges
urges urgências
imediatas
és apressado e deslizas
em palavras
que escorrem
no papel
Inexatamente exato
és perfeito
imperfeito sendo
pois que de pouco
muito se torna
e do muito
faz-se um nada

Poema
és alma lavada
purificada em pranto
Poema és sujo
nas palavras coloridas
em sangue
nas quais te embriagas
e te deleitas

Poema
és rarefeito
quando ar te falta
e ter perdes no vazio
Poema
és sombrio
quando turvado na dor
e te banhas em lágrimas

Poema
simplesmente és
a turbulência do momento
em que aconteces
ou a calmaria
de que por ventura padeces

Poema
simplesmente és
tempo e memória



Poema... expressão da alma  


Quando se escreve com a alma
com as vísceras
o poema é puro sentir
Não importa a técnica
a rima, a exata construção

O que importa é a emoção que vibra

É catarse da alma
é sentimento que aflora
de dentro pra fora
colorindo em linhas
o branco  e pálido papel
dando-lhe vida

E assim é belo
por sua crueza
Sensibilidade expressa
à flor da pele.

Não há que julgá-lo
Se bom ou ruim
Não há que decifrá-lo
Há, apenas, que senti-lo...



Pó de poesia



Poeira
Poesia
Palavras na poeira
Poesia em palavras
Palavras em pó


P
O
E
S
I
A


Palavras no vento
Palavras ao relento
Palavras... palavras...



O sangrar poético

Sozinha em meu quarto
as palavras fluem
Um rio de sangue
que escorre quente
em minhas veias
e se derrama no papel
tingindo-o de vermelho-sangue


"Todo escritor precisa de paz para sangrar"
pois nesse momento ele se volta para si mesmo
Absorto em seus pensamentos,
em completo e absoluto silêncio,
ouve as batidas do próprio coração


Suas emoções afloram
Pode ouvir o grito de suas próprias dores,
seus devaneios, suas perdas, seus amores
seus conflitos, suas ilusões
Ele se percebe unicamente humano
Sua solidão se faz sentir
sem as interferências externas
que distraem a mente
e, por vezes, embotam os sentimentos


Nesse profundo encontro consigo mesmo
ele se descobre frágil, só, imperfeito
Caem as máscaras do dia a dia
Agora, é seu verdadeiro rosto que vê no espelho
e se sente nu, desprovido de qualquer proteção
e a ferida, então aberta... sangra.



Sentir poético


Escrever é rasgar os véus
Desvendar mistérios ocultos em minh'alma
Desnudar-me de qualquer roupagem
Num livre processo de criação

Ficar nua, alma limpa, exposta
Entregue à fonte que inspira
As palavras a fluírem no branco papel
Linhas do meu interno


Meu mais profundo êxtase
Onde encontro várias faces
E como minhas as reconheço
Próprias de um ser multifacetado


Escrever é transpor fronteiras
Desvelar sentimentos ocultos
Enxergar-me por dentro...
Minha lucidez, minha loucura


Na força da poesia encontro
Alento ao meu intenso sentir
Expressão pura do meu silêncio
No verbo que ganha vida


*

Crédito de imagem: Pintura de Wladimir "Birth of Lov"



http://www.benfazeja.com/2011/07/o-ato-da-criacao.html

2 comentários:

Dilmar Gomes disse...

Amiga Ianê, gostei imensamente destes poemas maravilhosos.
Um grande abraço. Tenha uma linda semana.

Ianê Mello disse...

Obrigada, amigo. Agora faço parte como colunista da Benfazeja. O link está ao final do grupo de poemas. Visite-a, vai gostar. tem muita gente boa escrevendo lá. É ótima. Bjs e ótima semana.
OBS: Recebeu o bolo de parabéns no face?
Muitas felicidades, amigo. Namastê!