segunda-feira, 4 de julho de 2011

UM POETA SONHADOR







Para Eduardo Minc



Nasceu hoje um ser estranho
sem pé, nem cabeça
No lugar da cabeça
antenas parabólicas
ligadas ao mundo 
e no lugar dos pés asas
para voar o mais alto que pudesse
É um estranho no ninho,
um maluco beleza
como diria Raulzito
Simplicidade em forma de gente,
sem meias palavras,
nem frescuras
mas de gostos
também sofisticados
como Ella Fitzgerald
Acha que o menos
pode também ser mais
e diz-se um pobre rapaz
Pensa como ninguém
apesar de não ter cabeça
O que melhor que antenas,
como diria Salvador Dali?
Sua anatomia ficou louca
e como Maiakovski 
é todo coração
Sabe que é difícil
a viagem prá dentro de si
e curte uma cerva gelada
com cabelos de Bob Marley
Usa até pulseira do equilíbrio
embora não dê bola
para coisas tão banais
Também entende de melancolia,
embora não pareça.,
Às vezes, acorda 
com os dois pés esquerdos,
enquanto o Ganesha lhe sorri
Assume que não é mais
aquele Menino do Rio
e nada só cachorrinho
que nem o cãozinho Noel
companheiro de todas as horas 
Não ama à primeira vista
até por pura miopia
Mas o seu sentir amor
fica no falar e ouvir,
na sintonia das almas
Como Marina,
gosta de sair a francesa
e aprecia a solidão 
entre desconhecidos
pois afinal não é novela
e não tolera ser seguido
Mas tem respeito pelo ser humano
Pega objetos, não mulheres
e não suporta as descartáveis
Não tolera convenções,
caretice de primeira...
e afinal careta...
é quem não é feliz.


Ianê Mello



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