Ele me chama de louca
em minhas vestes rasgadas
em meu esgar de sorriso
enquanto a noite estremece
Ele me chama de louca
no despudor dos sentidos
nesse intervalo no nada
em que grito silenciosamente
Ele me chama de louca
em minha vida de linhas tortas
em meu olhar distante e morno
quando o dia finda em saudades
Ele me chama de louca
quando em meu grito surdo
emudeço o sentir que cala
no resvalar da dor que escorre
Ele me chama de louca
e louca sou quando deito
entre lençóis de ausências
e me esparramo em gozos
Ele me chama de louca
quando meu corpo em súplica
quando meu corpo em súplica
entre travesseiros ... arfante
explode em êxtase
...
...
e, por fim, adormece.
Ianê Mello
* Pintura de Felix Mas
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