quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

ENTRE QUATRO PAREDES





a tevê ligada emite sons
que não escuto
imagens se passam ante meus olhos
mas não as vejo
perdida em minha solidão
nada me distrai nem contenta

as chaves em cima da cômoda
a bolsa no sofá como um convite
a casa vazia em sua ausência
tudo está onde sempre está
e eu aqui sentada... esperando
mas pelo que espero não sei

há sons lá fora
o sol brilha
a vida pulsa
e eu aqui
entre quatro paredes...

o relógio corre seus ponteiros
o tempo passa depressa
as marcas no rosto se fazem notar
a juventude já não me pertence
a vida não espera por ninguém
eu bem sei...

apenas uma porta a transpor
esse é o limite que tenho a vencer
mas sei que isso não é tudo
isso é apenas simbólico
afinal seria tão fácil
abrir a porta e sair

o monstro que me aprisiona
está oculto nas sombras
nos medos guardados
nos sentimentos perdidos
nos amores abandonados
nas dores e desilusões
criou raízes profundas
ganhou força e poder
é contra ele que luto
dia a dia

é a ele que preciso vencer

...

a verdadeira prisão
eu mesma a criei.


Ianê Mello
(18.02.15)

2 comentários:

meus instantes e momentos disse...

conhecer nossos medos é o passo definitivo para vence-los.
O resto é força e os cadeados se quebram.

Paulo Knop disse...

Um retrato do nosso cotidiano. Obrigada