segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Infância Perdida












Tempo de sonhos e quimera
De alegria e espera
De sorriso inocente
Pensamentos mágicos na mente

Viver só de brincadeiras
Pique-esconde e amarelinha
Sem delimitar fronteiras
Voar como andorinha

Corpo leve, saltitante
Doce pureza no olhar
Vida num breve instante
na beleza do sonhar

Sonhos de intenso desejo
em que tudo podemos ser
Vida a fluir num lampejo
sem nada a nos deter

Belo caminho florido
de intenso colorido
Da flor, perfume e beleza
sem espinhos a ferir
Tempo da delicadeza
Da inocência no sentir

Isso é o que na verdade
toda criança deveria ter
O direito a liberdade
e a pureza do viver
Da infância, a alegria
protegida em seu querer

Sonho, apenas fantasia
transformado em alegoria
aos olhos de quem quer ver
Na realidade da rua
A verdade nua e crua
que nos faz estarrecer

A criança abandonada
Nas ruas, a solidão
Na verdade não tem nada
Falta até mesmo o pão

Para onde foram os sonhos
os desejos infantis
Nesses olhares tristonhos
Perdidos em seus ardis?

Para onde a pureza
foi levada dessa vida
Onde não se vê a beleza
Só carros, na avenida?

Não há campos, não há flores
Só prédios e construções
Não há tempo para amores
Só dores nos corações

Frio, miséria e fome
nesse corpos flagelados
que não tem sequer um nome
... "menores abandonados"

Abandonados em seus sonhos
Em sua básicas necessidades
Dormem em pesadelos medonhos
Recebendo do mundo maldades

Sua cama é o chão
Duro, sujo e frio
Na alma a solidão
A tristeza do vazio

Essa criança de que falo
desprovida de sua infância
Me faz entender num estalo
o valor e a importância
de se pensar com clareza
e uma saída encontrar
persistindo a certeza
de vidas salvaguardar

Ianê Mello




5 comentários:

O Renascimento da Vênus - Mamafrei disse...

Saudações, querida Ianê!

Como é bom ser repetida , repentina...

ser adivinhada e rendida pela poesia, não???

Obrigada pela visita, obrigada por transformar-se em uma grande admiradora da poeta-isa da qual também sou: Iara Maria Carvalho. O poema dela que você expôs em seu blogger é um dos que costumo recitar no projeto de extensão que faço parte: POESIA POTIGUAR & CIA, cujo principal objetivo é apresentar alguns poemas e poetas potiguares aos alunos das escolas municipais e estaduais de Currais Novos-RN por meio de paineis biobibliográficos e de recitais.

Quanto ao seu poema-criança ou criança-poema...lindo...

Lembrei-me de uma estrela maior da nossa poesia, da poesia potiguar: Zila Mamede, conhece? Se não, transcrevei agora pra você apenas um dos meus poemas preferidos:

SONETO TRISTE PARA MINHA INFÂNCIA

De silêncios me fiz, e de agonia
vi, crescente, meu rosto saturado.
Tudo de mágoa e dor, tudo jazia
nos meus braços de infante degredado.
Culpa não tinha a voz que em mim nascia
pedindo esses desejos - sonho ousado
por onde o meu olhar navegaria
de cores e de anseios penetrado.
Buscava uma beleza antecipada
- a condição mais pura de harmonia
nessa infância de medos tatuada,
querendo-me em beber de inacabada
procura que, em meu ser, superaria
a minha triste infância renegada.

Zila Mamede


No mais , justifico minha breve ausência pelo fato de encontrar-me em fase de finalização do curso de Letras...mas garanto que em breve serei sua leitora assídua.

Um forte abraço para vc e fica bem!

Ianê Mello disse...

Olá, querida Mamafrei!

Bom ter notícias suas e saber que em breve estará de volta ao reino da poesia.

Somos, então, ambas, admiradoras dessa grande poetisa: Iara.
Não é mera conscidência... claro!

Fico feliz que tenha gostado do poema
"Infância Perdida".

Belíssimo o soneto de Zila Mamede.
Obrigada por tê-lo postado para mim.

Aguardo seu retorno e seus sensíveis comentários em meus poemas.

Um grande abraço e fique bem também.

Úrsula Avner disse...

Oi Ianê, que bom conhecer um pouco dos labirintos de sua alma que certamente são muitos. Bonita e comovente poesia num delicado versejar. Muito obrigada pelo carinho de sua visita e interesse em seguir o blog. Volto depois para te conhecer um pouquinho mais, com calma. Bj.

O Renascimento da Vênus - Mamafrei disse...

Estranho...quando leio seus comentários sinto que consigo ouvir sua voz...

tão pródiga em elogios...és deveras muito generosa e, por isso, multiplica tanto o amor.

O amor é labiríntico;
A vida é labiríntica;
Somos seres labirínticos por e pela vida!

E que bom...

a "retidão" deixo só paras as convenções....rsrsrs

Grande abraço pra você, mais uma das minhas poetisas preferidas!

Ianê Mello disse...

Mamafrei

Essa sensação é própria de pessoas dotadas de grande sensibilidade e nisso somos iguais, daí a empatia que sentimos.

É verdade, um ato de generosidade sensibiliza as pessoas que o reconhecem e faz com que respondam de igual forma.
É um ato de amor, com certeza. Assim, forma-se um círculo de amor que nos envolve.

Não foi por acaso que escolhi esse nome para o meu blog " Labirintos da alma"...rsrsrs
Acho o labirinto uma representação perfeita
da vida, do amor;do humano.

Com certeza, a "linha reta" não é o caminho, pois sempre existem várias possibilidades e devemos experienciá-las.

Obrigada pelo seu carinho e saiba que são recíprocos, o carinho pela pessoa e a admiração pela poetisa.


Grande abraço.