Imagem do Filme "Budapeste"
"Outrora eu era daqui,
e hoje regresso estrangeiro,
forasteiro do que vejo e ouço,
velho de mim.
Já vi tudo, ainda o que nunca vi,
nem o que nunca verei.
Eu reinei no que nunca fui."
Do Livro "Desassossego" Fernando Pessoa
Um estrangeiro em seu próprio país. Esse eu sou.
Olho à minha volta e não reconheço o que vejo.
Partes abstratas fora de mim.
Estrangeiras.
Incompreensíveis.
Meus ouvidos escutam uma língua que não compreendo.
Um torpor me invade e corroi por dentro essa angústia.
Sem pátria, sem rumo, sem língua, sem chão, sem paradeiro.
Estrangeiro eu sou em meu próprio país.
Quando solto o verbo, se grito, se berro, minha voz se faz calar.
Dialeto estranho, incompreensível e insano.
Louco sou, porém poeta.
Da vida escrevo o que sinto e nem sempre é o que vejo,
apenas pressinto.
O belo clamor que urge da sonoridade da fala, em mim,
é o que cala.
E o coração sangra aberto em ferida.
Tenta em vão cicatrizar dor tão profundamente doída.
Dessa tênue linha divisória a que chamamos... VIDA.
Ianê Mello
Ouça: Música "Toth Emese"(Trilha do Filme Budapeste)
3 comentários:
Cuantas veces.. somo extranjeros en nuestros propios países.. bello poema..
Un abrazo
Saludos fraternos.
Payés,
Inúmeras vezes, amigo.
Procure assistir à esse filme Budapeste.
Maravilhoso!
Reflexivo e com lindas músicas e fotografia
Um terno abraço.
Belo..
bjs
Insana
Postar um comentário