sexta-feira, 3 de setembro de 2010

O Estrangeiro

Imagem do Filme "Budapeste"

"Outrora eu era daqui,
e hoje regresso estrangeiro,
forasteiro do que vejo e ouço,
velho de mim.
Já vi tudo, ainda o que nunca vi,
nem o que nunca verei.
Eu reinei no que nunca fui."

Do Livro "Desassossego" Fernando Pessoa


Um estrangeiro em seu próprio país. Esse eu sou. 
Olho à  minha volta e não reconheço o que vejo.
Partes abstratas fora de mim.
Estrangeiras. 
Incompreensíveis.
Meus ouvidos escutam uma língua que não compreendo.
Um torpor me invade e corroi por dentro essa angústia.
Sem pátria, sem rumo, sem língua, sem chão, sem paradeiro.
Estrangeiro eu sou em meu próprio país.
Quando solto o verbo, se grito, se berro, minha voz se faz calar.
Dialeto estranho, incompreensível e insano.
Louco sou, porém poeta.
Da vida escrevo o que sinto e nem sempre é o que vejo,
apenas pressinto.
O belo clamor que urge da sonoridade da fala, em mim,
é o que cala.
E o coração sangra aberto em ferida.
Tenta em vão cicatrizar dor tão profundamente doída.
Dessa tênue linha divisória a que  chamamos... VIDA.



Ianê Mello
Ouça: Música "Toth Emese"(Trilha do Filme Budapeste)

3 comentários:

adolfo payés disse...

Cuantas veces.. somo extranjeros en nuestros propios países.. bello poema..

Un abrazo
Saludos fraternos.

Ianê Mello disse...

Payés,

Inúmeras vezes, amigo.

Procure assistir à esse filme Budapeste.
Maravilhoso!
Reflexivo e com lindas músicas e fotografia

Um terno abraço.

Insana disse...

Belo..

bjs
Insana