terça-feira, 26 de julho de 2011

DE PERTO NINGUÉM É NORMAL






Sabe aqueles dias em que você se levanta com cara de travesseiro e um silêncio de colchão? No corpo, ainda as marcas das dobras do lençol como vergalhões. Os  olhos semicerrados, quase fechados, como que para impedir a luz de entrar. Só falta trazer nas costas o colchão... ô, vontade de voltar para a cama, quentinha, macia!
A gente podia só se levantar quando realmente perdêssemos  o sono, com aquela disposição! Pior que eu acho que haveriam pessoas que nunca se  levantariam...(risos)  Já notaram que tem gente com cara de sono? Aquele olho meio caído, a boca pra baixo, um semblante de pura monotonia . Falam arrastado, andam arrastado, tem preguiça até de sorrir...quando sorriem; o que é difícil. Penso se dormem direito. Talvez sofram de insônia crônica. Ou durmam menos do que precisam.
Mas olha eu aqui falando dos outros, como se eu fosse muito diferente... quem dera! Mas numa boa, gosto de observar as pessoas. Suas caras e bocas, seu andar, seus trejeitos, seu modo de falar... tudo isso nos revela sobre elas.  É só observar e querer enxergar.
Eu pensei em ser psicóloga, porque além do exterior e mais até do que ele, me instiga muito a mente humana,  mas desisti, achei que podia pirar com os problemas dos outros. Já bastavam os meus próprios...
Então, já que desisti da animada profissão, agora apenas me limito a observá-las e vez por outra, me inspiro a escrever uma crônica . Tudo pode virar uma, não?  A vida é cheia de movimento, de coisas e pessoas ao nosso redor. Já não escrevi até sobre a formiga! Então, acho que já ultrapassei a barreira da sanidade.  Sou maluca beleza e assumida. Que essas coisas de ficar em cima do muro, não me agradam. Ai, que saudade do Raulzito... "... ficar com certeza maluco beleza". Aquele era um que se assumia inteiramente...sem frescuras. Muito louco!!!!!
Gosto de pessoas que se mostram, sem disfarces, sem vergonha. Põem a cara à prova e que goste quem quiser...
Outro assim era Bukowisky...piradão! Dizia o que queria, escrevia como queria, fazia o que queria e não tava nem aí se o chamavam de escroto. Ele era o que era e pronto. E me conta uma coisa, o que é ser escroto?
Nâo, não responde rápido. Para e pensa.
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Pensou?

Bem, já que você não fala nada, falo eu então. Ser escroto é ser diferente. Como? É fugir aos padrões sociais, é ter comportamentos inadimissíveis à sociedade burguesa. É fazer tudo o que excede. Não ser comedido. Falar demais e alto demais, beber demais, comer demais, fazer sexo demais, ser sincero demais, se vestir fora da moda, não saber se comportar nos lugares ... Ou seja, não ser um bonequinho marionete. Ter vida e movimentos próprios. Jamais ser aquele certinho,  vestido bonitinho, cabelinho penteadinho, falando tranquilo e baixo, palavras e gestos comedidos. Não ser um macaquinho amestrado. Ser um macaco Tião, que diferia dos demais macacos por ser muito expressivo em seus cumprimentos a atenta platéia do lado de fora das grades,  tacando casca de banana e outras coisas íntimas e mal cheirosas, dando o dedo pra todo mundo.
Você pode estar pensando que sou louca. Não faz mal, já assumi que sou mesmo. Seu julgamento não vai fazer diferença pra mim. Então... julgue, se é o que gosta de fazer. Respeito isso. Cada um é aquilo que é. Mas não sorri pra mim, assentindo com a cabeça, fingindo que está concordando com tudo que falo só para me agradar não, tá? Pois é disso mesmo que estou falando. Gosto de pessoas autênticas. Até de você posso gostar, desde que não faça isso...

E, então,quer ser meu amigo? Uma coisa você já sabe, terá uma amiga  para te dizer as verdades, para te dar uma opinião sincera ( se não quiser sinceridade, nem peça minha opinião).
Acho que fica mais fácil confiar em alguém assim, não?


Ianê Mello



Crédito de imagem: Pintura de Fuyuko Matsui

2 comentários:

Ana Tapadas disse...

O título tudo diz. Excelente.

Bjs

Ianê Mello disse...

Sempre bom te ver por aqui, Ana.
Obrigada pela presença.
Grande bj.