sexta-feira, 15 de julho de 2011

SOPRO NA FERIDA




O despertar
é doloroso
O céu que se abre
em fendas
por detrás das nuvens
deixando entrever o sol
O despertar
é lento
vagaroso
e deixa no ar  
um cheiro ocre
forte e corrosivo


A chuva na terra vazia
perto de nossa casa
um canteiro
com um aviso
para que nunca
brote ali
uma rosa, um gerânio
um cravo, uma hortência 
um comigo-ninguem-pode
Chove ...
na terra vazia




E quando amanhece o dia
nublado em suas visões
nasce apenas mais um dia
num céu coberto de nuvens
frias e pálidas
Olhos que fitam
perdidos no amanhã sombrio
na espera que cansa
na solidão que arde
Mãos em abandono
ao findar a tarde




Ianê Mello




Créditos de imagem: Mario Mensassi

2 comentários:

Dilmar Gomes disse...

Poema muito lindo. Tu tens a sensibilidade à flor da pele, menina.
Desejo-te um lindo fim de semana.

Ianê Mello disse...

Definiste bem, amigo.

Grande beijo e um lindo final de semana.