segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ENQUANTO A CHUVA CAI




Gotas de chuva
a tilintar no cinza asfalto
um convite a nostalgia

Pessoas a transitar nas ruas
surpreendidas
num ritmo cadenciado
abrem guarda-chuvas coloridos

abrigam-se apressadas
enquanto a chuva,
alheia a tudo,
simplesmente cai...

guarda-chuvas
abertos em flor...
pétalas de rosas orvalhadas

E a chuva
alheia a todos
Cai
Cai
Cai...

Cai
Sobre os ombros
cansados dos passantes
e em pequenas gotas se aloja...
serenamente

Cai
sobre os carros
sobre as calçadas
sobre os telhados
sobre as árvores

Cai sobre as cabeças
desprotegidas
de alguns poucos
lavando pensamentos
provocando arrepios no corpo

Neste dia chuvoso
um convite a nostalgia
na chuva que cai
no frio asfalto
da cidade de pedra


Ianê Mello

(15.08.2012)

*
Pintura de Ricardo Massucatto

( Inspirada na canção La Pluie - Zaz)

2 comentários:

Marcelino disse...

Poesia é justamente essa possibilidade de transformação, é quando um ser humano colhe do cotidiano algo para moldar de forma inusitada -como tu o fizeste neste poema ao transformar guarda-chuvas em rosas orvalhadas. Ficou uma imagem muito maneira, bonita, diferente. Valeu todo o poema.

Ricardo Massucatto disse...

Achei lindo. O meu quadro ficou pequenofrente a sua poesia, a música e toda sua sensibilidade. Eurealmente me senti assim pintando. Sua poesias a música captaram meu sentimento. Parabénse obrigado.
Http://ricardomassucatto.deviantart.com/gallery.
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