domingo, 6 de setembro de 2009

Elo Perdido


O silêncio a preencher a sala vazia,
cheia de palavras presas na garganta.
A boca seca, emudecida pelo medo.
Sentimentos encarcerados dentro do peito.
Os olhos embaçados fitos no chão escuro.
As mãos sobre o colo tricotam imaginariamente o ar.

Por que calar as palavras tão sentidas?
Por que aprisionar os sentimentos?
Por que não olhar nos olhos do outro alguém?
Por que com as mãos não se tocar num abraço?

O amor permeia esses corpos
rígidos em sua própria dor,
tementes da entrega que cura.
Esse mesmo amor que um dia
enlaçou seus corpos como um só
fazendo-os sorrir de alegria e prazer.

Quando exatamente se perderam um do outro
e se acostumaram com o silêncio que se instala
entregando-se à essa inércia que devora?
Quando seus olhos deixaram de se olhar com ternura
e seus lábios não mais se tocaram?
Quando seus corpos tremeram de frio na cama vazia e sem amor?

Ianê Mello

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