quinta-feira, 16 de junho de 2011

À Fernando Pessoa


  




O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

Fernando Pessoa



Na  mente explodem versos
que não saem no papel
Sentimentos tão adversos
difíceis de esconder sob o véu

E nessa luta constante
Entre mente e verbo
De repente, num instante
Surge o poema inconstante

E tem que haver rapidez
para registrá-lo de imediato
Pois seria uma estupidez
perder esta inspiração de fato

E o poeta assim segue
Às vezes a escrever o sentir
Noutras a mentira o persegue
E não há como fugir

Já dizia o grande Pessoa
que o poeta é um fingidor
Pois não é sempre que escoa 
a palavra que expressa a dor

O poeta escreve seus versos
e nem sempre neles se espelha
Por motivos controversos
à eles, por vezes, se assemelha 

Ianê Mello

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