um sabor de morte e de coisa finda no desalento em cacos de
vidro espalhados por todos os lados a vida que se esvai em poças de vermelho sangue
a tingir o branco azulejo como marco derradeiro de despedida do débil e frágil
corpo jogado na frieza desse chão impuro de um banheiro público onde tudo são
escombros e dejetos na louça trincada e encardida do vaso sanitário ainda
cheirando a urina e da pia entupida onde tantas mãos foram lavadas em dias e
noites desumanos daqueles que vivem na descrença de uma vida melhor abandonados
que estão a própria sorte e desgraça sem ter ao que recorrer e ninguém com quem
contar para ao menos dividir sua miséria de existir e estar pela vida
mendigando migalhas de miseráveis de espírito sem compaixão e sem coragem de
continuar põem fim a sua parca existência de forma trágica como esse corpo que
aqui jaz
Ianê Mello
(03.12.12)
*
Arte: colagem sem título de Zeigarnik
(03.12.12)
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Arte: colagem sem título de Zeigarnik
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