terça-feira, 25 de dezembro de 2012

CONTRA A SOLIDÃO NÃO HÁ REMÉDIO



numa estante cheia de livros
(que nunca li)
vidas que não são minhas
esperam ser desvendadas

mas o olhar pousa cansado
nem delas consigo me apoderar
cansa viver só de ilusões

no peito uma dor doída ainda resta
esse sentir esvaziado de sonhos

esse dia após dia sem surpresas
esse desejo de algo
mas de quê?

essa vontade de fugir
mas para onde?

numa casa cheia de pertences
roupas se amontoam no armário
pedem para respirar outros ares

mas a vontade de vesti-las inexiste
mesmo quando ficar é insuportável

mesmo quando o ar já me falta
entre quatro paredes eu me fecho


Ianê Mello


(25.12.12)

*


Fotografia de Amber Ortolano



2 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Na falta de outro remédio para a solidão, temos que ser boa companhia para nós próprios...
Belíssimo poema, gostei.

Ianê, querida amiga, espero que o teu Natal tenha sido muito Feliz e desejo que o teu novo ano seja excelente.

Beijinhos.

Paulo Knop disse...

um caminho de pazz