quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Da Distância que separa




E a distância entre eles se fez. Como se constroem muros de concreto. E se preencheu de vazio.
A ternura, antiga companheira, cedeu lugar a rotina que entre eles se interpunha, como um visgo que não sai mais. E os dias e noites tornaram-se iguais: dias sem sol, noites sem lua.
Nuvens espessas vagavam sobre suas cabeças cheias de pensamentos vãos. De suas mãos nuas já não brotavam flores; terra árida, jardim sem flor. E na solidão das noites nuas, instalou-se a dor do pranto: calado e contido.
Se ao menos as lágrimas pudessem rolar sobre suas faces lívidas e aliviar-lhes o sofrimento... mas não.
Corações amortecidos, acostumados ao sofrer, apenas registravam mais uma desilusão. Sentimentos embotados, corpos anestesiados pela ausência de carinho. E a cada gesto não expresso, a cada palavra não dita, a cada toque não dado, fazia aumentar a  distância que entre eles já havia.
Sem se darem conta se perderam na estrada que um dia trilharam juntos e suas mãos se apartaram e seus olhares vislumbraram diferentes trilhas.
Na distância que os separa, o amor se fez cativo. Estranhos se tornaram e não mais puderam se reconhecer, perdidos nos descaminhos.


Ianê Mello


Ouça: A medida da paixão( Pedro Camargo Mariano)

6 comentários:

Marcelo Mayer disse...

uma estrada longa e sinuoso

Ianê Mello disse...

Oi, Marcelo!


Com certeza...encontros e desencontros...


Beijos

Akhen disse...

Ianê

O trecho é uma reflexão sobre pedaços da vida.
É assim como a distância entre um olhar não trocado, a distância entre corações que cansaram de amar-se.
O cansaço duma rotina vivida e a vontade de dobrar cada um sua esquina.
Quantos acabam assim e quantos continuam vivendo amorosamente separados.

Paz e Luz no seu caminho

Marcelo Novaes disse...

Ianê,


Cúmplices na distância.
Se assim se descobrirem,
talvez atravessem esse
vão.






Beijos,








Marcelo.

Ianê Mello disse...

Akhen

Gostei muito de seu comentário.

Obrigada pela visita.

Paz e Luz!

Ianê Mello disse...

Marcelo,

que bela reflexão!

Dá o que pensar...

Comentários assim só fazem engrandecer.

Obrigada.

:)


Beijos