E a distância entre eles se fez. Como se constroem muros de concreto. E se preencheu de vazio.
A ternura, antiga companheira, cedeu lugar a rotina que entre eles se interpunha, como um visgo que não sai mais. E os dias e noites tornaram-se iguais: dias sem sol, noites sem lua.
Nuvens espessas vagavam sobre suas cabeças cheias de pensamentos vãos. De suas mãos nuas já não brotavam flores; terra árida, jardim sem flor. E na solidão das noites nuas, instalou-se a dor do pranto: calado e contido.
Se ao menos as lágrimas pudessem rolar sobre suas faces lívidas e aliviar-lhes o sofrimento... mas não.
Corações amortecidos, acostumados ao sofrer, apenas registravam mais uma desilusão. Sentimentos embotados, corpos anestesiados pela ausência de carinho. E a cada gesto não expresso, a cada palavra não dita, a cada toque não dado, fazia aumentar a distância que entre eles já havia.
Sem se darem conta se perderam na estrada que um dia trilharam juntos e suas mãos se apartaram e seus olhares vislumbraram diferentes trilhas.
Na distância que os separa, o amor se fez cativo. Estranhos se tornaram e não mais puderam se reconhecer, perdidos nos descaminhos.
Ianê Mello
Ouça: A medida da paixão( Pedro Camargo Mariano)
6 comentários:
uma estrada longa e sinuoso
Oi, Marcelo!
Com certeza...encontros e desencontros...
Beijos
Ianê
O trecho é uma reflexão sobre pedaços da vida.
É assim como a distância entre um olhar não trocado, a distância entre corações que cansaram de amar-se.
O cansaço duma rotina vivida e a vontade de dobrar cada um sua esquina.
Quantos acabam assim e quantos continuam vivendo amorosamente separados.
Paz e Luz no seu caminho
Ianê,
Cúmplices na distância.
Se assim se descobrirem,
talvez atravessem esse
vão.
Beijos,
Marcelo.
Akhen
Gostei muito de seu comentário.
Obrigada pela visita.
Paz e Luz!
Marcelo,
que bela reflexão!
Dá o que pensar...
Comentários assim só fazem engrandecer.
Obrigada.
:)
Beijos
Postar um comentário