segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Fora de Mim




Louca estou
a rasgar minha roupa
a gritar impropriedades
a vagar pelas ruas
completamente nua
exposta
olhos perdidos
vazios
sem controle
sem rédeas
cavalo solto
na garganta o grito
estrangulado
na alma o sentimento
encarcerado
peito cravejado
em solidões
fugas de mim
no poço sem fundo
o fim
vida que vagueia
impunemente
sem rumo
casa destelhada
minha frágil morada
ferrugem e pó
cactos retorcidos
tenho sede
corpo recolhido
entre os escombros
da vida
que jaz.

Ianê Mello


Créditos de imagem: Pintura de Ans Markus

3 comentários:

Marcelino disse...

Gostei sobretudo dos pares de versos que fazem coro semântico:"sem rédeas/cavalo solto; casa destelhada/frágil morada; cactos retorcidos/tenho sede". Muito bonito. Parabéns pelo texto, Ianê.

Marcelino disse...

Gostei sobretudo dos pares de versos que fazem coro semântico:"sem rédeas/cavalo solto; casa destelhada/frágil morada; cactos retorcidos/tenho sede". Muito bonito. Parabéns pelo texto, Ianê.

Ianê Mello disse...

Obrigada, amigo.
Sempre bom vê-lo por aqui.
Abraços.