segunda-feira, 8 de outubro de 2012

DE IMPROVISO




E como preciso
de um improviso preciso
que me tome de assalto
assim sem quê nem porquê
sem espera
de repente
como ventania
espalhando nuvens
voejando folhas secas
despertando sentires

Um improviso preciso
no exato momento
em que nada se espera
e o tudo ganha forma
tingindo a tela nua
de matizes inesperados
de sonhos não moldados
emoldurando desejos

E como preciso
de um improviso preciso
sem eira nem beira
sem aviso prévio
sem anunciação
que me rasgue as vestes
que me turve a visão
que desvende verdades
que derrube as grades
desse tempo-prisão.

Ianê Mello 

* Pintura de Duy Huynh

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