Quando teu olhar parado, vidrado, estático
se perder num ponto obscuro extasiado
diferença não fará, pois a luz não vês há muito
Tudo o que vês a tua frente é um copo de bebida
numa suja mesa de bar
E tudo que gritas é quando se esvazia o copo
"Garçom, mais uma dose..."
E assim passas os dias,
assim os dias passam...
Se queres seguir tua vida no ócio,
na compaixão por ti mesmo,
entregues a manhãs inúteis,
tardes quentes e noites sombrias...
Noites repletas de orgias
Fiques só... e que teu silêncio te complete
e que tua presença te baste
e que as prostitutas te satisfaçam à exaustão
Fiques só com tua solidão,
com tua falta de sentido,
tua ausência de razão
Com teus rumores e gemidos,
com teu esgar de sorriso
Um espectro te tornaste,
homem, não és mais não!
És um trapo, um fiasco, um lixo humano
Com os ratos aprendestes a viver na sargeta
Nem sentes mais o cheiro do esgoto
e tua cama é a calçada forrada de jornais
Vives de restos de pão, de migalhas,
da compaixão dos que passam
Como um ébrio que só reconhece a bebida
vives pela vida cambaleando,
nos escombros, nos bordéis, pelas ruas
Em tuas entranhas o sexo
é o que te faz acordar
e dele fazes uso sem precaução, sem restrição
Teu corpo não te pertence mais
Da vida só te resta a morte
pois morto já estás em vida
Ianê Mello
8 comentários:
Buenísimos versos querida amiga..
Un beso con cariño..
Un abrazo
Saludos fraternos..
Minha querida
Lindo poema muito verdade nas palavras que fazem o poema.
Teu corpo não te pertence mais
Da vida só te resta a morte
pois morto já estás em vida
É assim mesmo.
beijinhos
Show. Super interessante esse poema.
abraços
Hugo
Payés, Sonhadora e Hugo,
é uma triste verdade a que retratei.
Mas as verdades também tem que ser ditas, não, mesmo quando tristes?
Obrigada pela visita e comentários.
Grande beijo à todos.
Você consegue encontrar algo no Labirinto da Alma?
Machado de Carlos,
o que quero dizer é que a alma é um labirinto e que todos temos que "matar" os nossos medos para encontrá-la.
Como na lenda do Minotauro, lembra?
Beijos, amigo.
Obrigado, e parabéns por este forte poema.
A. Reiffer,
Obrigada pela retribuiÇão da visita e comentário.
Volte sempre.
Um abraço.
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