Para Ianê Mello, com toda a amizade que o Atlântico possa conter
É na volta do vento que adormeço
Ainda podiam nas minhas mãos
Nascer sobreiros rasurados, de
Planta, de estreita rua onde antes era
O traço firme e agora, a sombra
Desgastada.
Podia ser, nem que fosse por um dia!
Podiam haver estrelas picotadas
Num céu azul quase de papel.
Podiam haver breves poças de água
mo ilhas nesse mar. Podia
Um estaleiro dentro de mim,
Remendar as velas, as veias, os nadas
O cru perfume duma pele
Desgastada.
Podiam haver nas palavras encarnadas,
Na borda duma letra encardida,
Um fino espelho polido
Onde a minha única sombra, um reflexo
Rasurado, excesso de digna cinza,
Podia entre as minhas mãos; aconteceriam
Como um fino fio em forma de nascente
Arbusto, linha de vida e valado,
Irreparável madrugada, osso comum
Da tristeza, em espírito
Desgastado.
Podia ser, nem que fosse por um dia!
- É na volta do vento que adormeço,
E o meu corpo, sem terra
Sem fogo, sem nuvem, sem cais,
Lamento, meu corpo sem mim
Não é nada!
Colmela Velho, 10 de Março
|imagem: reincido em Dunjic Vladimir , Aequilibrium!|
10 comentários:
[existem dias tão cheios que são vinte e quatro horas, são muito insuficientes...]
imensos abraços, Ianê
Leonardo B.
Acabei de voltar do blog dele, lindo demais o poema.
Vc merece =).
Beijos.
Leo,
Com certeza...o tempo voa...
Abraços mil.
Larinha,
Realmente, o poema é belíssimo.
Me emocionou muito a homenagem.
Obrigada.
Grande beijo.
Ianê... Ler-te é sempre um delicioso fascinio!...
Beijos
AL
Merecido e belo!
bjs
Abilio,
Muito obrigada.
Apareça no Diálogos. Está fazendo falta.
Grande beijo.
Ana,
Obrigada, amiga.
Grande bjs.
Ianê
A poesia de Leonardo é sempre arrebatadora. Imagens que nos fazem voar, como vento. Impossível ficar indiferente diante dos seus versos. Beijoos!
Nydia,
exatamente como me senti.
Grande beijo.
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