Para Herman Hessse
Não faça barulhos surdos
ele dorme o sono dos covardes
não poderá lhe ouvir
enquanto o vento sibila
acalentado nos sonhos
ele aquieta o lobo
que uiva dentro de si
fechados os olhos
animal contido
o pelo já acizentado
por anos vividos
o faro já enfraquecido
para odores mais suaves
os dentes não tão afiados
acostumado ao cativeiro
lá o lobo se esconde
pernas enfraquecidas
para as estepes íngremes
permanece solitário
num mundo que não é o seu
e quando a lua alta no céu brilha
escuta-se, como um lamento,
o seu profundo uivo de dor.
Ianê Mello
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