Carla estava absorta a em seus pensamentos. Não percebia o que se passava a sua volta. Num parque crianças brincavam de escorrega, de balanço, de gangorra. Como toda criança quando brinca gritavam felizes, em total balbúburdia. Babás com bebês em seus carrinhos conversavam animadamente, enquanto estes tomavam sol e a tudo olhavam com curiosidade . Na rua, carros transitavam, com seus ruídos e buzinas. Um guarda, volta e meia apitava. Transeuntes passavam pela calçada em animadas conversas. O sol brilhava e a vida parecia como deveria ser.
Carla continuava inerte, sentada no banco da praça. Seus olhos perdidos no vazio, seus ouvidos fechados para os ruídos externos, sua mente distante, bem distante dali. O que fazia de Carla um ser a parte a tudo que ocorria ao seu redor, como se estivesse num mundo próprio, só dela e nada a abalasse.
De repente, um menino jogou a bola em sua direção, caindo a seus pés.
- Moça, pode me dar a bola?
Aquela voz infantil a tirou do transe em que se encontrava. Levantou os olhos e fitou os olhos curiosos daquele menino. Eram verdes, verdes como as folhagens das árvores do parque.
Como demorou a manifeastar qualquer reação, o menino, com voz suave novamente pediu:
- Moça... a bola...
Carla olhos em direção aos seus pés aquele objeto redondo amarronado, abaixo-se e o pegou entre as mãos. Olhou para os olhos do menino mais uma vez e sorriu. Estendeu seus braços e a ele entregou a bola.
- Obrigada. - ele disse, devolvendo-lhe o sorriso.
Carla, seguiu o menino com os olhos e começou a observar a todos que ali estavam. As bábas com seus carrinhos, as crianças nos brinquedos, as falas, as risadas. As frondosas árvores a balançarem seus galhos. O gramado verdinho. Um jardim de belas flores coloridas, margaridas amarelas, crisântemos vermelhos. Tudo voltou a ter um colorido. Tudo voltou a fazer parte do seu mundo. Ela havia acordado de um sono provisório e voltado a realidade de que fazia parte.
Levantou-se, ajeitou o vestido florido, comprou um amarrado de balões de cores diversas: vermelho, azul. amarelo, coral, verde... e começou a caminhar pela calçada.
E a vida estacionada seguiu seu curso...
Ianê Mello
4 comentários:
Amiga Ianê, eu já conhecia a qualidade dos teus poemas, mas teus contos ou crônica, não importa como classifiquemos os teus textos em prosa, também são muito bons. É necessário que tu coloques teu talento em um livro, minha amiga escritora!
Um grande abraço e um lindo finds.
Amigo, Dilmar, vindo de você me enche o coração de alegria pois também sou admiradora de seus escritos.
Quanto ao livro bem que eu queria editar um, mas as dificuldades são muitas.
Obrigada pela força que vc sempre me dá.
Grande beijo, amigo.
Seria interessante se tivéssemos acesso aos pensamentos que tanto absorviam a personagem, não?
Justamente quis mostrar o vazio em que a personagem se encontrava, alheia a tudo a sua volta.
Agradeço sua presença.
Um abraço.
Postar um comentário