sábado, 30 de abril de 2011

De Corpo e Alma

 
 
 
No limite do desejo
mergulhando no escuro
desarmada
entregue
de alma e corpo
desabrochando para o amor

Não diga nada
apenas venha comigo
mergulhe nesse infinito
não tenha medo
amar é o segredo
ajude-me a desvendá-lo

Sem controle
sem medidas
sem razão
Deixe-se dominar
pela emoção que aflora
No pulsar das veias
no bater do coração
escute o som
da vida que grita
Liberte-se...


Ianê Mello

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Envolta em silêncio

 
 
Eu sinto...
pela palavra não dita
e pela dita ao acaso
pela que não foi ouvida
pela palavra inexata
pela falta de sentido
pela falta de tato
pela pressa
pelo cansaço
pela presença...
ausente

Eu sinto...
pelo tempo perdido
pelo esforço
pela noite mal-dormida
pela insônia
pela falta de espaço
pelo pouco caso
pelo embaraço
pela escassez...
do abraço

Eu sinto...
por perder sem querer
por lutar em vão
por tentar entender
por não encontrar a razão
pelo desperdício
pela escassez
pela humildade
pela embriaguez
pela covardia

Eu sinto...
sinto muito
por sentir tanto


Ianê Mello

Vislumbre

Pintura de Rene Magritte




Há uma fresta de luz
em meu olhar
coberto pelo pó
anos cegos vividos
na poeira do tempo
esquecidos
anos sem luz
solidão das horas
marcadas pelo tic-tac
de um velho relógio
na sombra de noites vazias
silêncio e dor
alma atormentada
vida que se esgueira
nos desvãos da ausência
...
pela fresta do olhar
a luz se acende


Ianê Mello