quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Lutemos pela Paz

                                                 Vinheta de Adolfo Payés




Nesse mundo de guerras, injustiças e preconceitos
perdidos estamos nos descaminhos do amor
A cada mão levantada, a cada arma empunhada, a cada agressão
mais nos afastamos de nossa verdadeira essência,
de nossa humanidade, decência e sentimento de compaixão
Quanto tempo perdido com tamanha destruição!
Nos tornamos autômatos, inertes e sem coração
Robotizados estamos, prisioneiros do tempo
Vivemos nossa vida a esmo
Vivemos apenas para nós mesmos
e esquecemos o nosso irmão
Construímos nossa própria prisão
num castelo de ruínas
onde nos escondemos do mundo,
onde nos perdemos cada vez mais
num caminho sem volta
Nos protegemos uns dos outros
por medo da entrega
por medo da decepção
e cada vez mais nos fechamos
dentro de nós, em nosso esconderijo próprio,
onde nos sentimos protegidos
e livres de ameaças externas
E para onde vamos nós
Encarcerados em nosso próprio medo?
Quanto tempo mais aguentaremos esse isolamento?
Já paramos para pensar que o ser ao nosso lado
também sente o mesmo que nós?
Já ouvimos no outro a nossa própria voz?
No olhar desesperançado,
no semblante contraído,
na boca emudecida pelo silêncio,
ouvimos nosso próprio gemido?
Somos iguais, sentimentos e emoções
Então, porque não unirmos nossas vozes,
nos olharmos nos olhos,
compartilharmos nossas dores?
Ainda há tempo, quero acreditar
Se você também crê, vem...
me dê sua mão e vamos caminhar
Vamos nos unir e construir um mundo
onde seja permitido ao menos sonhar.

Ianê Mello


Em homenagem à Adolfo Payés. Pela Paz.


http://adolfo-payes.blogspot.com/

Poema-presente do "Amigo Poético"




"Amigo Poético" realizado pelo Blog de 7 cabeças


 Presente recebido de  minha amiga secreta, Aline Araújo.  

de: Aline Araújo (http://dizaline.blogspot.com)



Perder-se



Entre uma palavra à esquerda
Uma dúvida à frente
Reflete-se à direita
Fixa na mente
E se eu me perder
No labirinto da alma?
Se me faltar a calma
E não houver o que dizer?
E se a poesia que precisa ser escrita
Não tiver fio de emoção
Nem Ariadne pra guiar?
Podemos ficar perdidos
Passeando descalços
Lavando os pés do Rio
Ouvindo da moça cantar
Os versos doces
Escritos e tecidos
Fio a fio
Se eu me perder nesse labirinto
Talvez ninguém me oriente
E eu ache o caminho nos arquivos
Do lado nascente
Ou onde se faz poesia
Onde ninguém se perde
Ou se encontra
Apenas, poente


O meu agradecimento à Aline, que tão bem captou e transformou em  lindos versos  a essência dos labirintos de minh'alma.
Agradeço também ao " Blog de 7 cabeças"  pela oportunidade de participar desse evento encantador.

 

Covarde Opção

   


Um tapa na cara
quiseram me dar
Um tiro no escuro
e eu morta de medo
Em cima do muro
sem saber de que lado ficar
A visão daqui é perfeita e cômoda
Posso os dois lados vislumbrar
Mas qual escolher?
E pra que a escolha?
Se posso apenas aqui ficar
e me omitir e me negar
a uma postura assumir
Talvez melhor seja fugir
pra bem longe dessa loucura
ao invés de ficar e procurar a cura
pra todo esse mal que assola
Mas "uma andorinha só não faz verão"
e eu não quero apodrecer na prisão
engaiolada por tentar ser livre
Fico aqui então, por opção
Por falta de coragem, por medo
Por temer descobrir o segredo
que posso ver revelado,
deste ou daquele lado.




Ianê Mello




Em homenagem ao grande poeta João Negreiros, com sua poesia instigante e realista.

http://joaonegreiros.blogspot.com/

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O Canto da Sereia





Com os olhos a contemplar
a imensidão desse vasto mar,
essa mulher de pele alva,
inocente de seus encantos,
tal qual uma sereia
a despertar com seu canto
o marinheiro do mar

Nas águas doce delícia
como uma carícia morna
que do corpo aquieta o fogo
que queima como lavas 
de um vulcão em erupção

E essa mulher sentada e nua
em plácida displicência muda
nem se apercebe do furor
que atormenta o coração
desse solitário homem,
que ao fitá-la se perde
em desejos e fantasias

E seu corpo, em plena euforia,
aguarda o anoitecer de mais um dia



Ianê Mello



Homenagem ao Sr.do Vale.
http://particulasdosentido.blogspot.com/

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A Simplicidade do Poeta
























Você chegou...
trazendo suas doces palavras 
e em pequenos versos encantou
Com sua alegria interna
que em suas palavras externou
Você chegou de mansinho
e com seus atos de carinho
facilmente conquistou
Você chegou...e ficou.



Ianê Mello


















Homenagem à Bráulio Pereira.
http://krasivo-ochen.blogspot.com/

Resposta de Bráulio à  homenagem prestada

tenho o teu sorriso.
moro com a beleza..
de mais nao preciso..
adorei sua gentileza..

o meu coraçao
pula de alegria
linda emoçao.
sua caricia sentia...


Bráulio Pereira



Nascida para Amar
























O vento não nos assusta 
Nós somos a ventania
Intensas e profundas
espalhamos amor pelo ar

Podemos ser brisa leve
ao amor acarinhar
Mas também somos furacão
com o desejo a nos queimar

Somos uma e somos várias
Em muitas nos dividimos
Mãe, mulher, companheira, amiga
Assumimos no mundo vários papéis
e procuramos cumprí-los com amor

E ainda há quem diga
numa ignorância cega de doer
Mulher, esse sexo frágil
tão difícil de entender

Ora, faça-me o favor
Pense com mais vagar
e saiba dar o devido valor
à este ser que nasceu para amar.

Ianê Mello

Ouça: Erasmo Carlos "Mulher(sexo frágil)"

 

domingo, 27 de dezembro de 2009

Sentimentos à deriva ...palavras soltas




Palavras que fluem
como as águas de um rio,
puras e límpidas
Palavras nuas
Palavras cruas
Palavras...
Sentido por dentro oculto
Sentimentos à flor da pele
...nas entrelinhas

Palavras suas...
Palavras minhas.


Ianê Mello

(27.12.2009)

Quando a escuridão se faz Luz


                                                
                                           Pintura: Sr do Vale "A escuta"


Abaixo da superfície,
onde o real se esconde,
onde os  segredos se revelam
Mente quieta e contemplativa
Ouvidos atentos ao inaudível


Corpo aberto às sensações
que emanam de dentro
da alma, que se desnuda
quando a boca emudece


Os sons do silêncio se manifestam
em cores e matizes mágicos
Faz-se poesia no ar
em partículas de luz brilhante


Num profundo azul celeste
harpejam suaves acordes,
numa melodia de sonhos
Mente quieta, postura ereta
em profunda meditação


Coração desacelerado,
tranquilo, cadenciado
ao som da música da alma,
do mantra universal
que une todos os seres
numa só e única pulsação,
numa explosão de vida.




Ianê Mello


Ouça : Kitaro "Mandala"





Alma Furtacor

















                                 Pintura:  Sr. do Vale



Do vale das emoções ele veio
Intensos sentimentos que afloram
de um eu lírico e profundo
Homem da mais pura emoção
Acerta o alvo bem no meio
de um coração desavisado
transmutando em flor o botão
Propagando a beleza no mundo
pinta o belo com suas mãos
e numa aquarela de cores reluzentes
espelha sua  alma furtacor
Alma de intenso brilho que seduz
Como um farol a iluminar
transformando a escuridão em luz
e a vida no mais lindo despertar.





Ianê Mello


Uma homenagem ao Sr. do Vale, que com a beleza de suas pinturas, inspirou-me esse poema.

sábado, 26 de dezembro de 2009

Ao Som de um Tango





















Ouça: Astor Piazzola " Por una cabeza"(versão)


  


A beleza em movimento sensuais,
cadenciados e  pela paixão movidos
Dança que inebria os sentidos
provocando desejos contidos
por vezes nunca descobertos
E nesse enlaçamento de dois,
dois corpos num único corpo
pela música unificados e harmônicos
Sentidos aguçados e alma exposta
Rodopios e passos que preenchem
todo o salão ao redor
sob os olhares curiosos,
curiosos e extasiados  de prazer
Cada qual ali sentado está a bailar
Cada qual em cada passo,
em cada rodopio...
A bailar em seus corações
que em emoções se perdem,
em lembranças que rememoram,
de antigos sonhos e paixões
Corações que amam
Corações que sonham amar
Um dia, novamente, quem sabe
apaixonar-se ao som de um tango.


Ianê Mello

Assista e ouça: Cena do filme "Perfume De Mulher"

O Resgate do Humano





Não te escondas na sombra
Abras as frestas da janela
Deixes a luz penetrar
e iluminar teu corpo
como uma carícia
um afago amante
Deixa-te por ela ser tomado
Revela-te por inteiro e completo
Aprendas a te amar
se queres ser amado
Pra que esconder-te
na névoa do passado
Despir-te de ti mesmo
para o anonimato
Tornar-te um sem nome,
um qualquer
Uma sombra do que eras
Um nada
Coragem, homem, coragem!
Mostres teu rosto à luz
Abras teus olhos cansados
Vivas tua vida presente
Rasgues tuas antigas fotos
de um tempo que passou
e com elas tuas lembranças
que te impedem de seguir adiante

Caminhes para a vida e não para a morte
Sejas homem, sejas humano, sejas forte!


Ianê Mello

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Esperança num Olhar de Criança



Olhar perdido nos trilhos
de uma estrada de barro e sol
Crianças em suas ilusões
com seus olhares já não tão puros
mas que em suas almas conservam
a pureza de outrora

A esperança acesa como chama
no brilho desses olhares,
nas vestes simples,
despidas de qualquer vaidade

Em seus corações a coragem,
sentimento que revigora
e a eterna esperança
de um dia melhor por vir

Quanta beleza no olhar dessas crianças
que se perdem no horizonte
até onde a vista alcança
e muito, muito mais além
do que a dura realidade lhes mostra


Ianê Mello




Homenagem a Adolfo Payés e sua pintura inspiradora e bela em sua pureza.

http://adolfopayespinturas.blogspot.com/

Coragem de Lutar










Tente pensar comigo

De que adianta viver

Correndo contra o perigo?


Ianê Mello




Uma homenagem à Adolfo Payés, um companheiro que luta por seu ideais.

http://adolfopayespinturas.blogspot.com/

Saber Viver






Prefiro viver assim
Dia a dia, cada momento
Cada coisa a seu tempo
Sem pressa, sem pressão
Viver nem sempre segura
mas riscos também correr
Andar pela contra-mão
A vida passa e o tempo não perdôa
Viva como puder e sem medo
pois é certo que o tempo vôa
e também tem seus segredos
Viver com intensidade
com a alma sempre aberta
Pode ser na verdade
a melhor e a mais certa
maneira de descobrir
na vida o prazer de sentir




Ianê Mello



Bêbado de Amor











O meu corpo a sua espera
como uma fêmea no cio
Vinho doce em fina taça
de cristal  puro servido
Sorvido lenta e suavemente,
gole a gole, em pura delícia
de quem se dá por vencido



Ianê Mello






quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Ode ao Amor Universal





Gostaria de falar de amor
mas do amor que une os seres
O amor cósmico e universal
O amor fraterno e puro
O amor que transcende as barreiras
que transpõe muros
que derruba solidões
O amor que protege e revigora
O amor que brilha no olhar que chora
O amor que transparece no instante do sorrir
Falo do amor maior
Falo do amor humano
entre os humanos e entre os seres
Todos os seres existentes na face da terra
e além, muito além dela...
pois há muita vida além do que a nossa visão alcança
Falo do amor que ilumina o caminho
que aponta a direção
Do amor que move moinhos
Do amor que brota do coração dos homens
Do amor que eterniza a paz
Do amor que ameniza a dor
Do amor que nos faz sonhar
Sonhar com um mundo de paz
Sonhar com um mundo igualitário
Sonhar que não existem fronteiras
nem limite, nem barreiras
Sonhar que só existe o AMAR.




Ianê Mello



sábado, 19 de dezembro de 2009

A Leveza do Momento










Como a vida passa breve

Não sobra tempo pra nada

Temos que ser leves.



Ianê Mello






Dor que oprime








Quando a dor bate forte

Não há mais em que pensar

Só na própria sorte.



Ianê Mello




A Mão que apedreja





Filhos, os temos
Mulheres que somos
Gerados por nós
Paridos por nós
De suor e sangue
e lágrimas de dor
A dor do parto
Lancinante e aguda
Mais profunda que
outra dor humana qualquer
Parece que estão a arrancar
de dentro de nosso corpo
algo que nos pertence
o que não deixa de ser
pois em nós se desenvolveu,
em nosso útero se formou
até estar pronto para vir ao mundo
Aí então, não mais nos pertence
Nosso controle sobre ele
passa a ser relativo


E que filho é esse
que botamos nesse mundo?
Isso não se sabe
Não há como prever
Mas o certo é que
a mão que é  afagada
é a mesma que apedreja
E esse filho que hoje afagamos,
que aninhamos em nossos braços,
pode um dia nos atirar pedras
Não pétalas de flores
como forma de gratidão
Mas duras e pesadas pedras
que suportam em suas mãos
movidas pela incompreensão,
pela revolta, pelas falhas que cometemos
Pelos nossos limites que não sabem aceitar
Como dói em nós recebê-las,
pois se erramos foi tentando acertar
A dor ainda maior se dá
quando temos que revidá-las...




Por amar...


Por amor...




Ianê Mello



quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Iceberg







Sabe o que eu gostaria?

De em alguns momentos me sentir

Completamente fria.




Ianê Mello 




Enraizados no Passado




Quando as raízes 
nos prendem ao passado
as recordações dominam 
nossos sentidos 
e não abrimos espaço 
para o novo por-vir.


Ianê Mello

A Verdadeira Sabedoria









Desvendar novos mundos

é um desejo humano 

Desvendar o mundo conhecido 


com um novo olhar

é sabedoria.




Ianê Mello



terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A Triste Dor do Abandono
























Ela foi ferida no peito
por punhais de afetos impuros
que lhe sangraram a alma,
deixando marcas profundas
em seu coração ainda puro


Sim, é sangue o que escorre
de seu corpo quase inerte
Vermelho sangue humano
a escorrer pelo chão
em que pisas sem critério


Ela sente-se impura, frágil
e procura em si uma razão
que justifique tal sentir
Uma explicação para um existir
tão sofrido e sem sentido


Quase pede perdão por ter nascido
embora procure para si
um espaço que lhe caiba
nesse mundo cão


E num grunhido,
gemido sentido de dor,
ao chão se atira
quase em súplica,
como um bicho
quase humano
que rasteja
à procura de uma mão
que o afague


Como um cão que apedrejado,
ferido e triste no abandono
se arrasta fielmente
ao encontro de seu dono.




Ianê Mello


À Marcelo Novaes, que com sua prosa poética tocou minha alma, transformando meu sentir  nesses versos que aqui escrevo em sua homenagem.
Com meu carinho e admiração. 

Leia: O Tinir do Bronze
http://prosaspoeticas-marcelo-novaes.blogspot.com/

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Seu alento






Na minha fronte o espanto

Nas lágrimas contidas

Para enxugar teu pranto.




Ianê Mello