sábado, 25 de dezembro de 2010

TEMPO EM ETERNIDADE





(Para você , meu amor)



Tic-tac, tic-tac, tic- tac
o relógio sem cesar
segundos, minutos, horas
não há como o tempo parar


Para agora, tempo,
nesse átimo de instante
torna esse momento constante
eterniza-o em mim


Tempo, tempo, tempo
nas asas do vento
num voar sem fim
quero te perder

Tempo, tempo, tempo
idealiza o sonho
nessas notas que componho
em suave melodia


Tempo, tempo, tempo
torna infinito esse dia.




Ianê Mello

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

MENSAGEM DE NATAL

Pintura de Gerard Von Honthorst




De novo é Natal
e o que nós fizemos?
Assim cantava John
em Happy Xmas.
Tantos natais ouvimos
esta mesma canção
e nada fizemos de fato.

Quantas vezes estendemos as mãos
à um irmão em súplica?
Quantos sorrisos doamos
e verdadeiramente enxergamos
o ser humano ao nosso lado?
Que este Natal traga
novamente em sua vida
a oportunidade de ter
o pensamento iluminado
em ações de irmandade
E que possamos assim
Diminuir a distância entre
a intenção e a realização

Que o sentimento de amor fraterno
possa habitar o coração dos homens
e numa intensa e branca luz
a paz ilumine tudo ao redor,
suplantando todo o sofrimento e dor.


São os votos de
Ianê Mello e Beto Palaio

sábado, 18 de dezembro de 2010

DO MUNDO APARTADA



Submersa...
a água a envolver meu corpo
Ainda respiro
pois mantenho a cabeça fora d'água,
mas até quando?
Uma parte de mim
vive e pulsa
sangue quente correndo nas veias.
A outra parte jaz fria
gélida como essa água.
Não, aqui não é
o meu lugar,
bem sei,
desde que nasci.
Mas aonde é o meu lugar,
em que mundo estranho
eu habitaria
se é esse que conheço?
A água me faz bem
em sua calmaria,
quando serena me permite
deitar-me sobre ela...
flutuar...
Mas sou um ser da terra
e sobre dois pés me sustento
Respiro por pulmões,
tenho pelos a recobrir minha pele
Sou humana, não sou peixe,
no mar não poderia viver,
não conseguiria respirar.
Peixe é peixe,
aquático por natureza.
Seu corpo recoberto por escamas
e no lugar de pulmões, suas guelras.
Sempre de olhos bem abertos.
Bicho estranho, não fecha
os olhos nem para dormir.
Eu, ao contrário, quando durmo,
fecho bem os olhos
e sonho, sonho, sonho...
sonhos surreais de que
nem sempre consigo
me recordar.

Ianê Mello

(Foto de Toni Frissell)

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Canção Interior



Será dó essa nota
que escuto soar
ao longe, bem distante?

Como um gemido contido
...a alma desabrochar
lenta e mansamente

No silêncio
ao escorrer das horas
no quarto vazio

A dor que resvala
entre paredes
e tetos da casa

Essa nota insistente
em meu ouvido
seja noite...

seja dia...
ela persiste
sombria



Ianê Mello

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

TUA PORÇÃO MULHER





(para Chico Buarque)




Há tantas mulheres
dentro de ti,
tão diversas...
Mulheres que habitam
teu interno mais profundo
Mulheres que não mostras
para todo o mundo
Algumas até te causam
vergonha por existir

Mulheres que escondes 
debaixo de máscaras,
em véus de seda,
em mantos de espanto,
quando se revelam,
para teu próprio encanto

Sábias mulheres
Tua melhor porção
Mágica feminina
que aflora e se expõe
em graves silêncios,  
em tardes mornas
sob lençóis macios
em noites de amor

Então se dá
encontro tão esperado,
quando em nossa cama,
lado a lado,
homem e mulher,
em cada porção,
se desnudam

Ânima e ânimus
que se revelam
nesse instante sublime
Tua mulher resguardada,
em notas sutis e brilhos,
se revela
à minha porção contrária
que a enlaça em terno abraço

Somos um...
Homem-mulher,
ânima- ânimus
no amor que a tudo permite
e em tudo se enleva.


Ianê Mello

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

A TUA ESPERA



nesse momento
desejo
a quietude
das horas
o sabor
da espera
mansa...

(que breve seja)

em meus olhos
o amanhã
vislumbro
campo em flor
verdejante
florescente
solar

em minha boca
sussurros
de amor
guardados
dentro
só pra ti




Ianê Mello

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Freedom to love




Basta um gesto
uma palavra mal dita
um tom impreciso
O amor é frágil...

Sabe, a dor
pode fazer estrago
quanto mais sofrido
o coração
for...

Amar não é posse
não é possuir o ser amado
Amar não é controle
não é coação

O amor é livre
e assim se revela
em flores e perfumes
em cores e sons

Deixe o amor amar
Deixe-o livre para amar
Assim, terás o amor
que tanto queres.




Ianê Mello

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

O Sangrar Poético


Pintura: Boy Viewing Mt. Fuji (1830) – Katsushika Hokusai


Sozinha em meu quarto
as palavras fluem
Um rio de sangue
que escorre quente
em minhas veias
e se derrama no papel
tingindo-o de vermelho-sangue

"Todo escritor precisa de paz para sangrar"
pois nesse momento ele se volta para si mesmo
Absorto em seus pensamentos,
em completo e absoluto silêncio,
ouve as batidas do próprio coração

Suas emoções afloram
Pode ouvir o grito de suas próprias dores,
seus devaneios, suas perdas, seus amores
seus conflitos, suas ilusões
Ele se percebe unicamente humano
Sua solidão se faz sentir
sem as interferências externas
que distraem a mente
e, por vezes, embotam os sentimentos

Nesse profundo encontro consigo mesmo
ele se descobre frágil, só, imperfeito
Caem as máscaras do dia a dia
Agora, é seu verdadeiro rosto que vê no espelho
e se sente nu, desprovido de qualquer proteção
e a ferida, então aberta... sangra.





Iane Mello

VERTIGEM



Tantas perdas
Tantos danos
Perdas danos
Desenganos
Quantos
Tantos
Cai o pano
Cai a máscara
Cai ...

Tudo cai
Na penumbra
que se esvai
E eu
vertigem
que vai
bem longe
vai
e um dia
repentinamente
.
.
.

CAI.


Ianê Mello

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

POEMA COM AIS





                                                             


          Pintura de Henry Miller                                

terça-feira, 16 de novembro de 2010

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

A Partida




você se foi...

e com você a luz do dia

deixou seu rastro

seu lastro

caminho de luz

na casa

um cheiro de hortelã

ainda perfuma o ar

com sua presença doce

você se foi, assim...

como se fosse

um barqueiro em alto mar

jurando não me deixar



Ianê  Mello

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Perdida numa noite escura




A noite entorna seus temores 
no corpo que vagueia a esmo
Onde estou?
Para onde vou?
O medo da noite me consome 
Olho a volta e é tudo escuridão
As ruas desertas, sem viva alma
Mas você me acompanha
Dentro de mim sinto brotar
uma semente que desperta
na noite deserta e sombria

Palavras que brotam e pulsam
ganhando vida própria dentro de mim
Quero escrevê-las no papel
Não possso, tenho que seguir
encontrar o caminho de casa
Estou perdida e só
mas você me acompanha...
Em cada passo, em cada esquina, 
em cada estrela no céu a brilhar

Sinto medo e coragem
Ousadia em desvendar o novo
Penetrar nessa escuridão sem fim
Em desertos de mim...
Na ponte sobre a rua, ali sim
há pessoas que transitam e se cruzam
Os carros passam como pirilampos
iluminando a escura avenida
Olho patra baixo e os vejo em velocidade
Pessoas indo para suas casas e eu perdida

Onde está minha casa, meu ninho, meu refúgio?
Mas dentro de mim você me acompanha
Me segue e me guia em meus medos
mais secretos e incofessáveis
Mas não me mostra o caminho
é minha tarefa descobrí-lo
e não desisto pois sou brava

Caminhante da vida
sei que o caminho se faz ao andar
e prossigo minha busca com persistência
Aprendo e apreendo a cada passo 
que a vida é isso, esse ir e vir,
esse pulsar, essa expansão e contração
Entre perdas e ganhos, a evolução, 
esse encontro que se dá quando se perde


Ianê Mello

O DESPERTAR




IN
NI
A

Amanhece...

Esplêndido
brilho
do sol
por entre 
as nuvens
brancas
de algodão

Pássaros
entoam
belos
cantos
Posso
ouvi-los
e sentir
a brisa 
fresca
de um
novo dia

Em mim
esperança
brota
como
semente
em 
terra fértil

A
MA
NHE
CE

EM MIM...


Ianê Mello

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O POEMA



Poema
quando surges
urges urgências
imediatas
és apressado e deslizas
em palavras
que escorrem
no papel
Inexatamente exato
és perfeito
imperfeito sendo
pois que de pouco
muito se torna
e do muito
faz-se um nada

Poema
és alma lavada
purificada em pranto
Poema és sujo
nas palavras coloridas
em sangue
nas quais te embriagas
e te deleitas

Poema
és rarefeito
quando ar te falta
e te perdes no vazio
Poema 
és sombrio
quando turvado na dor
te banhas em lágrimas

Poema
simplesmente és
a turbulência do momento
em que aconteces
ou a calmaria 
de que por ventura padeces

Poema
simplesmente és
tempo e memória



Ianê Mello