domingo, 30 de maio de 2010

Vida que se esvai


 
A vida é um poço sem fundo
Busco a saída e não encontro
É tudo escuridão...breu
Meus olhos buscam  a luz
mas acho que estou cega
Onde está o brilho dos meus olhos?
Olhos fechados para a vida
Costurados pela dor
Onde me perdi de mim
De meu sorriso franco e aberto
De minha força de viver?

Onde está a "Walkíria"
brava lutadora
em seu belo cavalo branco?

Ou que sabe "Lady Godiva"
a quem a todos escandalizou
bela e desnuda em seu cavalo?

O poço é profundo demais
Tento abrir meus olhos
e entrever alguma luminosidade

Mas ninguém pode me ver
é muito escuro e profundo
O inconsciente é submerso
nem todos podem acessá-lo

Sinto em mim uma nesga de força
Uma vontade sutil de viver
Mas até quando aguentarei ficar aqui?

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Faz muito frio....

Ianê Mello




segunda-feira, 24 de maio de 2010

Como o fluir de um rio

Jonh Collier " The Water Nymph "

 

 

Gostaria de poder chorar
e em minhas lágrimas derramar
todo o pranto
em meu peito congelado
em momentos de espanto.
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Ianê Mello


domingo, 23 de maio de 2010

De volta ao passado




Um castelo encantado
a distância vislumbrei
Fez-me lembrar do passado
que um dia eu sonhei

Contos de fadas
Príncipes encantados
Princesas cortejadas
Em versos decantadas

Como era belo o sonho
de um  puro e eterno amor
Num adormecer risonho
como um botão em flor

Inocência de criança
que na pureza alcança
com sua  mão pequenina
seu desejo de menina

Os olhos não podiam ver
o que só a maturidade ensina
O que restava era crer
numa beleza cristalina

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Ianê Mello



Ao amigo e companheiro das artes Sr. do Vale,
com meu carinho, dedico este singelo poema 
em sua pintura inspirado.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

O Grito

  

Pintura de Edward Munch " O Grito "

 

O grito preso na garganta
aprisionado na dor
No rosto, o pavor
estampado no espanto
Que visão tão terrível
ameaçaria o encanto
de percorrer novas trilhas
nessa estrada de pedra e sol
No humano que habita
a curiosidade desperta
A vontade de desvendar
mistérios ocultos
Da visão desconhecida
daquilo que se chama vida
resta sorver até o fim
Possibilidades infindas
não dominadas pelo medo
Lançar-se no escuro, no breu
não é sinônimo de loucura
Para viver a vida
é necessária a procura,
a ousadia de ser sem limites
Reagir ao medo que trava
Libertar-se das amarras que prendem
Usar a chave de sua própria prisão
construída pelo pavor do desconhecido
Liberte-se de si mesmo,
de seu ego, de seu egoísmo
Lembre-se que só você tem a chave
A chave que te prende
é a mesma que te liberta


Ianê Mello

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Olhar que ilumina




Se te sinto em meu olhar
sou como ave perdida
buscando o ninho encontrar
E doce e mansamente
em seus olhos faço morada
Em emoção tão sentida
de alguém que busca tão somente
e simplesmente ser amada

Quando seus olhos encontram os meus
um magnetismo se instala
e assim me perco nos seus
e de mim vai-se a fala

Momento mágico e fugaz
que só nós é que sentimos
e tudo se transforma em paz
em seus olhos me sorrindo.


Ianê Mello

Verdadeiramente Nua


 

Escrevo como quem sangra
as dores de um sofrido coração
Não tenho cartas na manga
sou toda e pura emoção

Não sei fingir, nem mentir
palavras que não sinto
Tudo que posso é sentir
e prosseguir existindo

Se a dor é por demais profunda
encontro em mim  mesma a cura
Nesse meu querer, fecunda
a mais perfeita brandura

Amar posso com certeza
Tanto tenho de amor em mim!
Mas não existe grandeza
em terminar só, no fim

Quisera pudessse encontrar
amor semelhante ao meu
e as feridas cicatrizar
de um amor que já morreu.


Ianê Mello

domingo, 9 de maio de 2010

Ser Mãe....





Mãe, mulher que nasceu para amar
o amor mais sublime possível de conceber
Dar a luz a um novo ser
e à ele se entregar, de corpo e alma

Mãe, braços que abrigam a calma
que se espera encontrar
em difíceis momentos da vida
Nesse abraço faz-se a acolhida
ao nosso pranto e dor
Mãe, palavra que inspira o Amor

Amor total, sem limites
mesmo em momentos de confronto
quando a voz se eleva em repreensão
pois não queremos, na verdade,
que nosso filho sofra em vão

Esse sofrer não podemos evitar
e nos dói  no coração
quando nosso filho vemos a penar
nas dores da desilusão

Gostaríamos de criar a sua volta uma redoma
que os protegesse de todo o mal
mas  sabemos que a vida é uma soma
e pior seria mascarar o que é real

Deixemos, então, crescer nossos filhos queridos
atentas às suas necessidades
e quando estiverem feridos
cuidemos deles com toda nossa bondade.

Em nossas mãos  temos uma vida
que geramos em nosso ventre
Não há, então, outra saída
a não ser juntos seguirmos em frente


Ianê Mello






Deixo à vocês nesse dia, que na verdade é uma mera convenção, pois somos mãe todos os dias, um grande e terno abraço.

Com meu carinho maternal,

Ianê Mello.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Música que Transcende

Desenho de David Gilmour ( guitarrista do Pink Floyd)



Som etéreo
Vibrações...
O corpo no imaginário a bailar
Alucinante viagem
na harmonia dos acordes
na junção das vozes
numa doce melodia
que se espalha pelo ar
em gotículas de luz

Energia vibrante
que em meu corpo penetra
mais e mais...
me tornando o instrumneto
em que as cordas são tocadas
Posso sentir o dedilhar
a arrepiar-me a pele
deixando-me em êxtase
Entregue à esse prazer

Música...
Que poder à você conferido
por meu sensível coração
em batidas compassadas
ao seu ritmo interligadas
Eu sou a música
Ela me torno
Fluindo em meu corpo
como sangue em minhas veias
Somos uma
Ela e eu
uma verdadeira canção de amor



Ianê Mello

domingo, 2 de maio de 2010

Comunhão de Corpos




Desnudos
Desprotegidos
Transparentes
Na vertigem do momento
Entregues a beleza desse instante
Fugaz, porém intenso
Mãos, pele, lábios
Ouvidos, nucas, pernas
Odores, suores, química
Gestos, toques, abraços
Corpos embebidos em fluídos,
seus, meus, nossos
Sólidos, liquefeitos, etéreos
Encontro visceral
Sentidos aguçados
Enquanto lá fora
a lua branca brilha
iluminando nossos corpos nus
E quando pela cansaço vencidos
nos espamos do gozo que estremece,
deitamos, lado a lado, enternecidos
e o dia lá fora já amanhece.


Ianê Mello

sábado, 1 de maio de 2010

Reencarnação


Detalhe


O acaso chegou para mim
como num encontro marcado
Casualidade contraditória
Destino já traçado
Vidas entrelaçadas
Almas que se reeencontram
e nem sempre se reconhecem
Quantos nessa Terra já fomos?
Em quantos corpos nossa alma habitou?
Fizemos o bem e o mal
Da pobreza e da riqueza provamos
No amor e na traição nos encontramos
Estendemos a mão aos necessitados
e por eles fomos acolhidos
Ignoramos o próximo ao nosso lado
e por ele um dia fomos ignorados
Habitamos corpos diversos
Homem e  mulher já fomos
Corpos perfeitos e defeituosos
Feios e belos
Em cada vida um propósito
Em cada encarnação um recomeço
Oportunidade de retratar erros passados
De aperfeiçoamento, de resgate
Esse corpo que hoje habitamos
Nossa casa, nossa casca, nosso invólucro
Abrigo de nossa alma eterna
até o dia final, derradeiro
em que ela dele se desprenderá
e  se libertará
dessa vida terrena
Se voltará ou não em outro corpo
a nós não cabe julgar

 

Ianê Mello



Dedico este poema  ao artista e amigo Sr. do Vale" 
Partículas do Sentido ", sempre grata à inspiração 
que suas telas de beleza surreal me transmitem.