Era preciso tecer a teia
de ardis e malícias
Era preciso de mais que dois olhos
para antever os vieses da vida
para dissipar os véus da dúvida
Era preciso urdiduras e tramas
desfeitas em manhãs claras
descosturando o véu da ignorância
Era preciso engolir o espanto
a revelar segredos inconfessos
Era preciso coragem e fé
para sair do luto e da profundidade das coisas
Era preciso aventurar-se no desconhecido
descortinando novos e refrescantes sentires
Mas essa coisa morna que em mim habita
que me aprisiona numa gruta escura
Essa coisa que comigo mesma se confunde
Essa coisa que me invade e me tira o ar
...
Ah, essa coisa que me divide e me parte em duas!...
Ianê Mello
(15.09.12)
*
Fotografia de Pavel Mirchuk