quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Sentir Poético








Para Clarice Lispector


Escrever é rasgar os véus
Desvendar mistérios ocultos em minh'alma
Desnudar-me de qualquer roupagem
Num livre processo de criação


Ficar nua, alma limpa, exposta
Entregue à fonte que inspira
As palavras a fluirem no branco papel
Linhas do meu interno


Meu mais profundo êxtase
Onde encontro várias faces
E como minhas as reconheço
Próprias de um ser multifacetado


Escrever é transpor fronteiras
Desvelar sentimentos ocultos
Enxergar-me por dentro...
Minha lucidez, minha loucura


Na força da poesia encontro
Alento ao meu intenso sentir
Expressão pura do meu silêncio
No verbo que ganha vida


Ianê Mello

Mensagem de Natal





Que este Natal seja farto
em sorrisos, em abraços, em amor
Que esse Natal seja simples
como simples são os sentimentos
Que esse Natal seja terno
com a ternura das crianças que sonham
Que esse Natal seja doce
como doce é o cálice de vinho que sorvemos
Que esse Natal seja pleno
em vida, em esperança, em calor humano.


Quero agradecer a cada um de vocês que aqui esteve desde o nascimento desse espaço, uns como visitantes eventuais, outros mais assíduos, outros "seguidores" fiéis. 
Agradeço pelo carinho a mim ofertado em suas visitas e comentários, aos seus sinceros elogios, as suas palavras de compreensão.
Sem a presença de vocês esse espaço não continuaria a existir e a crescer de forma harmoniosa e plena.

Obrigada, meus amigos!

Um Natal iluminado à todos vocês e que o novo ano que se inicia seja repleto em paz, esperança e amor.

Um grande beijo e abraço fraterno.

Paz e Luz!

NAMASTÊ!!!



Ianê Mello

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

POEMA....EXPRESSÃO DA ALMA



Poetas que somos, em nossos versos expurgamos a dor, numa catarse.
E que bem faz esse dilúvio de emoções contidas, represadas pelo silêncio.                                                                                   
                                                                                                                     
 Ianê Mello




Quando se escreve com a alma
com as vísceras
o poema é puro sentir
Não importa a técnica 
a rima, a exata construção 
O que importa é a emoção que vibra


É catarse da alma 
é sentimento que aflora
de dentro pra fora
colorindo em linhas 
o branco  e pálido papel
dando-lhe vida


E assim é belo
por sua crueza 
Sensibilidade expressa
à flor da pele.


Não há que julgá-lo
Se bom ou ruim
Não há que decifrá-lo
Há, apenas, que sentí-lo...



Ianê Mello



A Dor da Criação

 
Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as  entrelinhas.                                                                                               
                                                                                 Clarice Lispector


A palavra é a arma do poeta

e a dor sua inspiração

dela os versos se fazem puros

numa catarse de sentimentos

num transbordamento de emoção

Brotam de sua alma flores de sangue

que escorrem em pétalas no papel

e a palavra se faz verbo

rasgando do rosto o véu




Ianê Mello





Conheça um pouco sobre Clarice lispector e seu processo criativo
http://bravonline.abril.com.br/conteudo/literatura/clarice-lispector-infelicidade-inspiradora-510195.shtml


domingo, 11 de dezembro de 2011

PINTANDO POESIAS



TELA EM BRANCO




Peguei minhas tintas,
meus pincéis e minha tela,
cavalete e banquinho
e me sentei para pintar
Num sorriso percebi
quantas cores belas
a saltar em meus olhos
Azul, vermelho, amarelo
rosa, laranja, verde...


Resolvi todas misturá-las
e procurar meu próprio tom
Algo que fosse entre
o laranja e vermelho,
o azul e o verde,
o rosa e o lilás...
uma cor especial
que expressasse meu ser


Olhei para a tela em branco,
a  paz me iluminou
e, como, num encanto percebi,
minha cor já era aquela.



Ianê Mello


*


Créditos de imagem: Jerry LoFaro




ESQUADROS






traço ângulos

perpendiculares
(tri) ângulos 
(re) ângulos
circundo retas
(semi) círculos
traço paralelas
(re) traio
(con) traio
expando
espio
esquadrinho
(re) cantos
recônditos
escaninhos 

crio nichos
esconderijos
cavidades ocultas
(a) dentro
por dentro
...
e fico.



Ianê Mello





*




Créditos de imagem : Pintura de Kandinsky

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Saudade Transversa



A saudade que sinto
é uma saudade ingrata
muito mais que uma lembrança
daquilo que um dia tive
é saudade que se agiganta
e em meu peito faz morada
saudade mais que doída
saudade malvada
daquilo que nunca tive
de tudo o que não vivi
e essa saudade me dilacera
faz sangrar o peito
e quem me dera
fosse possível não sentir
arde como fogo
inflama como chama
me deixa em desalinho
e a mim proclama
em versos que choram
em palavras que inundam.





Ianê Mello





Inspirada em Simples Saudade e Sangrando - Gonzaguinha- Intérp.: Selma Reis.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Alma silenciada







Solidão
Alma nua
Intenso vazio
Uma doída saudade
Uma ausência outonal
Folhas amarelecidas
Pela passagem da estação
Quedam ao chão em gotas
de lágrimas
Poças d’água
Refletem o semblante
Esquecido e perdido
No entornar das horas
Frias e impassíveis
Tempo que escorre
lento e feroz
enquanto a alma chora
cores desbotadas
momentos perdidos
na poeira do vento
lembranças
que escapam das mãos
em mares de águas profundas
vida que se esvai
e não volta...



Ianê Mello


Inspirado na música: Silêncio - Bethoven.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ALVORECER





O dia amanhece
o sol doura o céu
azul anil
num leve planar
somos pássaros
a voar...

pássaros livres
voando no céu...

abaixo de nós
o chão de pedras

o leito do rio convida
com suas mansas águas
a um suave mergulho


Ianê Mello, inspirado na música Lama Khen.

Invasão Consentida






Língua
Morna, cálida
Úmida...
Invasora língua
Adentra, penetra
Lambe, sorve
Língua
Dentro da boca
Paladar
Gosto
Azedo, doce
Degusta
Prazeres
Suores
Deleites
A pele
O pelo
O corpo
Consente
Que adentre


...Língua...



Ianê Mello



Ouça: Zelia Duncan "Sexo"





(Publicada originalmente em 29.12.09)

Singelos Versos




 
Na suavidade de seus versos

me vi pura e criança


num mar de sonhos líricos

Ianê Mello






Em homenagem à Lírica e sua doce e singela poesia.

sábado, 3 de dezembro de 2011

EFEMERIDADE





No transpassar das horas
minutos infindos
segundos infinitesimais
no escoar das horas
ponteiros que se desmancham
em relógios imaginários, dalilescos
relógios que se derretem
na efemeridade do tempo
em sua completa relatividade
tempo que escorre
tempo que morre
tempo, tempo, tempo
no diluir das horas
no correr dos dias
onde nos perdemos
a eternidade dura um único instante
nos pequenos momentos vividos
e naqueles que deixamos de viver.




Ianê Mello




Crédito de imagem: Pintura de Salvador Dali


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Amores Gris

                                                               
                                                   Os amantes - René Magritte


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Ianê Mello



quarta-feira, 30 de novembro de 2011

MULHER PÁSSARO










Há muito tempo procuro
por minhas asas


sei que as tenho
desde que nasci


...


acredito que posso voar


agora
meu coração
sinto pulsar 
em minhas mãos


minha alma flutua
... leve


sinto que renascerei
das cinzas


em breve, o céu...


sou uma mulher-pássaro
e mulheres-pássaros podem voar...




O céu é meu limite...






Ianê Mello, em "Um Grito Poético", inspirado em René Magritte.





Escutem meu GRITO!!!!
VENHAM GRITAR TAMBÉM!!!!!!

Visitem o grupo no facebook:
Um Grito Poético


segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Delirante Desejo




te quero
te espero 
te espreito
no escuro do quarto
no aconchego da cama
te busco
tateio no escuro
te pego 
te toco
te mordo o pescoço
te lambo a nuca
te sussurro no ouvido
palavras nuas
palavras cruas
palavras suas
te aperto
te cheiro
te prendo em meus braços
te enlaço em minhas pernas
te quero agora
sem demora
vem, meu amor
com calma
com alma
me toma...
...


sem pressa.




Ianê Mello

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Palavra Liberta






palavras...palavras...
nem sempre exatas
imprecisas palavras
palavras comedidas
palavras sufocadas
palavras enjauladas
palavras perdidas
palavras mutiladas
palavras nutridas
palavras em botão
palavras sim
palavras não
palavras de bom tom
palavras semitonadas
palavras desafinadas
palavras soltas
palavras asas


....


AVE PALAVRA!!!!!!


Ianê Mello


Créditos de Imagem: Borodin Alexey



quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Diálogos Poéticos " Círculo Vicioso "




Venha conferir essse excelente diálogo em "Diálogos Poéticos"


Colaboradores: Joe Brazuca, J.F. de Souza, Ianê Mello, Fred Matos, Lara Amaral

Natureza Animal




Ouço esse som que pouco a pouco,
a cada acorde,
penetra pelos meus poros,
tomando meu corpo
e minha alma de súbito, 
sem que eu possa controlar.
Fecho os olhos e  a viagem começa,
longa e profunda,
para dentro de mim mesma, 
ao vibrar desses acordes.
Me perco em meus labirintos e me entrego
aos meus instintos.
Meu lado humano, pouco a pouco, 
cede lugar ao animal que em mim habita, 
louco para se libertar.
Não, não preciso de nenhum alucinógeno,
nem de nenhuma bebida alcoólica.
Não preciso de nada que embote 
ou entorpeça
meus sentidos.
Pelo contrário, quero-os cada vez 
mais aguçados.
Como aguçados os sentidos de um animal
que fareja, 
sentindo cada odor, pressentindo 
cada perigo e segue em busca de seu território.
Minha viagem é pura, pois que puro é o instinto
que nos move, nos protege, ao mesmo tempo 
que nos impele à aventura.
É o pulsar do sangue em minhas veias.
É o sentir intenso; pela minha própria natureza.
As notas entram, vibram, uma a uma, 
fervilhando o sangue em minhas veias. 
Se espalham por todo o  meu corpo como partículas
sonoras de cores vivas e penetrantes.
Agora eu sou a música; nela me transmuto.
Sou as cordas da guitarra que vibram.
Sou os dedos que as tocam com agilidade e destreza.
Sou ela.
Sou ânima e animus.
Masculino e feminino. 
Mulher e animal.
Sou  alma pura que transcende a identidade,
a dualidade do ser, o humano e o animal, o racional
e o instinto.
Sou meio mulher, meio loba, a correr livremente 
pelos  vastos campos ao som dessas  dissonantes 
notas musicais.
Notas que oscilam, que vibram e  se elevam 
e se retraem como um coração a pulsar, 
em seu eterno movimento, em seu batimento
que traduz a vida.
Ah! Que poder a música exerce sobre mim, 
quando ao sentí-la me liberto dos grilhões 
que me acorrentam, das grades que me contem: 
animal aprisionado.
Sou o puro sentir.
Os sentidos cada vez mais aguçados, o
sangue a fluir pelas veias...quente.
Por todo o meu corpo, posso sentí-lo correr
acelerando meus batimentos cardíacos.
Abro meu peito sem medo e com todas 
as minhas forças deixo sair de mim um grito
gutural, que provêm das entranhas do meu ser. 
Um grito animal, selvagem,  que se liberta... 
e ouve-se um uivo profundo que se espalha pelo ar...
nessa noite em que do alto do escuro céu a lua brilha.


Ianê Mello



Ouça: Pink Floyd - Shine on your crazy diamonds
 


domingo, 20 de novembro de 2011

Serei eu essa que fito?









me abstenho
me abasteço
me anulo
me mostro
me perco
me acho
me invado
me acovardo
me gosto
me odeio
me visto 
me dispo
me abro
me tranco
me surpreendo
me espanto
me calo


...




me olho...


...


não me vejo






Ianê Mello




Créditos de imagem: Foto de Devian Art

Esquadros




traço ângulos

perpendiculares
(tri) ângulos 
(re) ângulos
circundo retas
(semi) círculos
traço paralelas
(re) traio
(con) traio
expando
espio
esquadrinho
(re) cantos
recônditos
escaninhos 

crio nichos
esconderijos
cavidades ocultas
(a) dentro
por dentro
...
e fico.


Ianê Mello







Créditos de imagem : Pintura de Kandinsky




*Inspirado na música Esquadros 




sábado, 19 de novembro de 2011

Cores Interditas




mãos abertas
em feridas
que não cicatrizam
perdestes a fé
o tempo passa
anos sem sentido
guerra insana
milhares dão a vida
por você...
e tudo morre
amor em cores proibidas...
... vermelho amor ...
emoções despertas
mãos enterradas no solo
mãos cravadas em mim
dentro de mim 
sujas de terra
lavadas em sangue
a vida em círculos inúteis
perco o chão
não o sinto sob meus pés
meu amor veste 
cores proibidas...




Ianê Mello




Inspirado na música   Forbidden Colours...Ryuichi Sakamoto & David Sylvian       





segunda-feira, 14 de novembro de 2011

"Je ne regrete rien"





Para Mario Lago








dizia jamais lamentar
pois foi movido a paixão
e por ela tudo fez
sua vida um etermo espetáculo
não foi como "Carolina" de Chico
que a vida viu passar pela janela,
tampouco assistiu de camarote,
sempre esteve na passarela
Grande Mario, lago fértil
profundo em suas águas
em tudo se fez intenso
por tudo se fez amante.








Ianê Mello, em Vozes em Madrigal, homenagem à Mário Lago.

domingo, 13 de novembro de 2011

Moinho Vermelho





O Moinho Vermelho gira
mulheres dançam can-can
no cabaré a meia luz
brilhos e paetês
homens endinheirados
boêmios confessos
artistas empobrecidos
poetas embriagados
olhos de cobiça
no palco iluminado
a noite é festa
na cidade parisiense
no terraço enluarado
casais trocam carícias
preliminares do amor
Moulin Rouge
onde Paris se espelha
em desejos e delícias






Ianê Mello 




* Créditos de imagem : Pintura de Toulouse Lautrec