sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Cegueira da Ilusão

Pintura de Salvador Dali " Interpretações"


Reflexos de luz
Penunbra
Anjos e demônios
Se mesclam nas sombras
Luz difusa
Luz opaca
Singelos são os olhos
de quem vê
Puro o coração
de quem sente
A ilusão é uma marca
Indelével e imprópria
Para os olhos
que da cegueira
não conseguem se livrar




Ianê Mello


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ao Som do Violino

 Pintura de Rene Bohet " O Violinista"



Ah...essas notas suaves e harmônicas
como um lamento que provêm da alma
Fazem meu coração bater com mais vagar
e meu pensamento silencia
ao ritmo dessa harmônica melodia

Seus olhos brilham quando tocas,
dominados pela emoção
Parecem banhados em lágrimas,
pela paixão por aquilo que fazes
O arco desliza nas cordas com precisão
e suas mãos, embora grandes,
conseguem exprimir notas 
de extrema delicadeza

É um dom que herdaste da natureza
que contagia a todos com sua beleza
Música que a alma inebria
deixando o coração mais leve
e repleto em paz e harmonia.



Ianê Mello

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Avesso em Mim



Se por mim perguntarem
Diga que vivo o meu avesso
O que em mim negava 
e que de mim faz parte
Diga que é um recomeço
e que não temo a verdade

Como um tigre vivi sem garras
e por gato manso me tiraram
mas hoje soltei as amarras
e hei de saber que não gostaram

Nessa grande selva urbana
faz-se necessário defender-se
Há pessoas tão desumanas
que é preciso precaver-se

Mas como todo animal ferido
a docilidade se esconde
e por vezes um agudo gemido
é a forma com que ele responde

Se ainda assim quiser arriscar,
o que provará sua coragem,
aproxime-se bem devagar
e verás que em minha natureza selvagem
eu também sei o que é amar



Ianê Mello

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Prêmio Dardos Recebido e os blogs contemplados por mim



Recebi esse selo como presente do meu querido amigo do lado de lá do atlântico, Leonardo B.
A minha emoção é tanta, que me faltam palavras.
Primeiro, porque o considero uma pessoa maravilhosa, humana e sensível, o que  nos aproximou nos laços da amizade, apesar da distância.
Segundo, porque o admiro  demais como escritor e poeta. Em seus textos ele toca a minha alma com delicadeza. Além de admirar sua cultura e fluidez nas palavras.
Receber dele esse prêmio é uma honra, que faz com que eu sinta meu trabalho reconhecido e valorizado.
Obrigada, amigo. Guardo esse selo em meu coração.




Agora, a tarefa mais difícil, distribuí-lo a 15 blogs.
Bem, vamos lá...
Com todo o meu carinho e admiração passo esse selo a :




Poxa, como foi difícil!
Os amigos que não foram contemplados desta, da próxima vez certamente serão.
Um grande beijo à todos, com meu carinho e admiração.

PS: Não esqueçam de repassar o selo a 15 blogs ecolhidos por vocês.





Acabou o carnaval, e agora?



É....acabou o carnaval, a grande festa"popular".
E agora, onde guardar a fantasia?
E a máscra que escondia o verdadeiro rosto...
O que fazer com a vida real?

Dê suas impressões , expresse seus sentimentos, participe em  "Diálogos Poéticos".

Esperamos por você lá...
 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

O Fim da Festa


        Pintura de Pablo Picasso " Pierrot"



Pra que a festa se a tarde cai
e com ela o vento abranda
como suave brisa
Os ruídos já se perdem no poente
onde o sol tímido se esconde
Os tambores já não rufam como outrora
Os brilhos e glamores se vão
e cada qual consigo mesmo,
na solidão do vazio,
encontra o próprio rosto
As máscaras caem ao chão
e por debaixo delas apenas um rosto se mostra...
O único rosto real
E o que fica no fim da festa
é o mais puro cansaço
de um sentimento vão


Ianê Mello

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Em meio ao Caos







Coisas amontoadas, sobrepostas
Umas sobre as outras, empilhadas
Como coisas sem valor
que vamos jogando num canto
e depois se torna um amontoado de lixo inútil
que não sabemos que fim dar

Mas será que é só isso que significa
esse empilhado de coisas em nossa vida?
Ou falta-nos senso de organização
e uma pitada de sensibilidade
pra sabermos dar lugar as coisas

O tempo também é responsável por tamanha displicência
Pois para tudo falta-nos tempo
Torna-se mais fácil jogar tudo numa única pilha
como se não houvesse a mínima difrença entre as coisas:
de importância, de valor, de prioridade

Coisas amontoadas... O que são?
Devemos ter discernimento e sapiência
pra procurar dar-lhes o devido significado
e a devida  relevência que cada qual merece

Pois o que se amontoa, se sobrepõe
e, por vezes, encobre algo de grande valor
que deveria estar em lugar de destaque
e se confunde,  escondido entre os escombros

E nossa vida, o que se torna, uma casa em ruínas?
Com segredos guardados, amontoados uns sobre os outros
E como nos achamos nós em meio à esse caos?
Onde estamos nós?
Talvez perdidos, encobertos por coisas e mais coisas
que se sobrepõe sobre nós e nos pesam
e nos impedem de sequer nos movermos
Fazemos nós, então, parte desses escombros?



 Ianê Mello

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Mulher sem Rosto




Uma mulher sem rosto
quão misteriosa pode ser?
Sem olhos para expressar e seduzir
Sem o olfato para sentir os odores
Sem lábios para dizer o que sente
e beijar o corpo amado

O que é uma mulher sem rosto?
Sem identidade, sem expressividade,
apenas um corpo a usufruir?
Quão bela pode ser uma mulher sem rosto?
Se o seu rosto é a sua marca, a sua presença

Uma mulher sem rosto é apenas um corpo
Um corpo como outro corpo qualquer
Uma meretriz a mais para satisfazer 
os carnais desejos de um homem
Um homem que da mulher deseja
nada mais do que um corpo,
um pedaço de carne 
pra saciar seu apetite voraz.


Ianê Mello




Venha participar do " Diálogo Poético" com essa belísima pintura de Adolfo Payés.


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Casa em Ruínas




A casa vazia e fechada
Janelas cerradas...
Paredes em ruínas
Pelo que dela restou
percebe-se que foi, um dia,
uma bela e confortável casa
Quem terão sido seus habitantes?
Seria uma família numerosa?

Quantos sonhos e desejos
foram em suas paredes abrigados?
Quantas alegrias foram nela vivenciadas?
Quantos segredos escondidos em seus recantos?
Quanta tristeza, quanta dor e traição?

No jardim abandonado,
que outrora devia ser belo,
crescem plantas rasteiras
e o matagal toma conta do quintal
Os frutos das árvores,
um dia suculentos, colhidos no pé
hoje apodrecem, caidos ao chão

Essa casa que um dia
abrigou essas pessoas,
livrando-as do frio e das intempéries,
servindo-lhes de teto, de refúgio,
aconchegando-lhes entre suas paredes
Hoje, abandonada e esquecida
tornou-se apenas escombros


...

Essa casa que um dia
pode ter sido um lar...


Ianê Mello



Reciclado para "Fábrica de Letras" em 07.02.2010.



sábado, 6 de fevereiro de 2010

Mágica do Olhar





Sinto o perfume do amor no ar
Posso sentí-lo no campo florido
onde a amada caminha suavemente
por entre as flores campestres
exalando odores na manhã
fresca como a brisa ...

Aos olhos do amado,
ela própria a flor mais bela,
se destacando das demais
Alva como a neve,
longas pernas de gazela,
nos cabelos os raios doirados do sol

Ao caminhar entre as flores
com elas se funde, confundindo a visão
Mágica imagem que enternece
o coração de um homem apaixonado

Seus olhos presos nesse belo momento
como um quadro emoldurado de luz
O sol, tímido, lança seus últimos raios
e a mulher, sorrindo, se põe no horizonte.


Ianê Mello


Ponto de Equilíbrio





Penso, logo existo
Existo, logo penso
Penso se existo
Existo se penso
Pensar em não pensar
Já e´em si um pensamento
Mas qual é o senso
de pensar sem sentimento?
Se não penso, perco o senso
Se penso demais perco o rumo
É preciso ter senso
pra pensar
Pensamento e sentimento...
...é preciso ter senso
para se  equilibrar
entre o sentir
e o pensar


Ianê Mello

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Entorpecimento



Numa mesa de bar
um copo de bebida
um absinto qualquer
ou qualquer outra birita
onde afogar as mágoas
de uma paixão mal vivida
ou ainda por viver
Uma desesperança sofrida
por um simples querer

O motivo não importa
deixe estar
O que importa é
- a mesa de bar
os amigos de copo
perfeito lugar
para desafogar as dores
inebriar a mente
dos falsos amores

Lembrança apagada
pelo álcool calibrada
no esquecimento da vida
no poder da ilusão
que lhe causa a bebida
Vivendo na contra-mão
por não ver outra saída


Aqui não me cabe julgar
essa forma de sentir
nem tampouco condenar
esse fugidio existir
Apenas  observar
e procurar compreender
onde pode nos levar
os caminhos do sofrer.

Ianê Mello

Ouça: Onde anda você - Toquinho e Vinícius de Moraes

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Maturidade




Essas marcas em tua face
Que temes em ver ao fitar o espelho
São lembranças da tua vida
Sem elas, serias apenas uma máscara
desprovida de sentimentos.

Valoriza, então, uma a uma,
como um aprendizado conquistado,
pois esse é o propósito da vida
e o tempo para todos nós é o mesmo
e passa de igual forma, 
queiramos ou não.


Ianê Mello



Publicado para " Fábrica de Letras" em 02.02.2010.


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Linhas do Tempo




As marcas do tempo
que passa impiedoso
num rosto de mulher
Em linhas traça desenhos
de recordações vividas
Vívidas no rosto que as guarda
Puras em verdades reveladas
Num rosto de mulher
os vincos do passado
para sempre marcados
até o fim de seus dias
para que nunca esquecido
na casa da memória
faça morada a saudade


Ianê Mello

Em homenagem à Addiragram:
Foto de  Addiragram "Memórias?" 

Reminiscências ...



Linhas finas e tênues
marcam seus olhos já cansados
Da vida perderam o brilho
Dos sonhos já se afastaram
Um olhar que ultrapassa
as barreiras do conhecimento,
de quem viveu seus momentos
com intensidade apaixonada
Surpresas já não existem
nesse maduro coração
Meras repetições se sucedem
como num filme já visto
em sua vida sem sobressaltos

Suas mãos nuas
já não buscam tocar o inatingível
pois seu velho coração
encontra apenas na razão
sua real força de vida
Maturidade é seu nome
e com ela os dissabores
dos incontáveis amores
que por sua vida passaram
Páginas viradas de um passado
de lembranças guardadas
num antigo baú
no empoeirado sotão escuro

Seus olhos...
Ah, seus belos e profundos olhos
já não brilham como estrelas,
sonhadores e febris,
donos de tantos ardis
que, apaixonadamente encantaram
todos aqueles que a amaram.


Ianê Mello



 Reciclado para "Fábrica de Letras" em 01.02.2010.