terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A Triste Dor do Abandono
























Ela foi ferida no peito
por punhais de afetos impuros
que lhe sangraram a alma,
deixando marcas profundas
em seu coração ainda puro


Sim, é sangue o que escorre
de seu corpo quase inerte
Vermelho sangue humano
a escorrer pelo chão
em que pisas sem critério


Ela sente-se impura, frágil
e procura em si uma razão
que justifique tal sentir
Uma explicação para um existir
tão sofrido e sem sentido


Quase pede perdão por ter nascido
embora procure para si
um espaço que lhe caiba
nesse mundo cão


E num grunhido,
gemido sentido de dor,
ao chão se atira
quase em súplica,
como um bicho
quase humano
que rasteja
à procura de uma mão
que o afague


Como um cão que apedrejado,
ferido e triste no abandono
se arrasta fielmente
ao encontro de seu dono.




Ianê Mello


À Marcelo Novaes, que com sua prosa poética tocou minha alma, transformando meu sentir  nesses versos que aqui escrevo em sua homenagem.
Com meu carinho e admiração. 

Leia: O Tinir do Bronze
http://prosaspoeticas-marcelo-novaes.blogspot.com/

6 comentários:

Marcelo Novaes disse...

Ianê,


É sempre bom evocar a voz do outro, amiga. Constato que meus poemas, muitas vezes, tocam as notas tristes de quem já sabe em que tipo de mundo vivemos.



Beijos, e obrigado!







Marcelo.

Ianê Mello disse...

Marcelo,

sua escrita forte e pungente, de quem compreende e sente a dor humana, o que, aliás, sua profissão lhe proporciona e acentua, me remete à profundas reflexões e, algumas delas, consigo transformar em palavras.

Apenas retribuo o que tenho recebido, amigo. Eu que agradeço.

Beijos.

Anônimo disse...

A paixão tem dessas coisas.

Ianê Mello disse...

A paixão cega...

Beijos.

Nilson Barcelli disse...

A escolha é difícil, todos os seus poemas são excelentes...
Mas também voto neste.
Um beijo.

Ianê Mello disse...

Nilson,

bom que gostou.

Bjs.