sábado, 27 de abril de 2013

TENDO A NOITE COMO COMPANHIA




No silêncio de minha sala vazia
ecos de lembranças
permeiam minha memória
na noite que avança
na solidão das horas
no tique-taque do relógio

flashes de minha vida
em imaginária projeção
passeiam ante meus olhos
fitos na parede nua
entre a vigília e o sono

meu corpo recostado no sofá
num plácido repouso
sem desejos além do descanso
a boca num silêncio mudo
emudecido de palavras...

o que fora é silêncio
grita dentro em mim
coisas que só eu escuto
inaudíveis a ouvidos estranhos
incompreensíveis para muitos

sou eu mesma minha cúmplice
minha única parceira
nessas horas de torpor
entregue a intensos sentires

Assim, mais uma noite se passa
e a ela me entrego mansa
meu refúgio
meu abrigo
até o amanhecer de um novo dia.


Ianê Mello

(22.04.13)


*
Pintura de Adrian Gottlieb

Um comentário:

Renata Mesquita disse...

Amei a poesia que citei em meu blog e linkei! Beijos !! Parabéns !