sábado, 19 de outubro de 2013

QUE O SILÊNCIO ME VALHA



Encantar serpentes com palavras
Ofício por demais engenhoso
Voláteis, impactantes palavras
Presas de uma teia de enredos
Perdidas entre seixos de pedras
Escorregadias ao toque das mãos
Fugidias, ambíguas, cortantes
Penetrantes, pungentes
Enquanto vivas e despertas
Esmaecidas em seu brilho
Quando a esmo pronunciadas
Palavras cansadas
Enfraquecidas pelo uso
Numa fraca eloquência
Sem propósito ou valia
Que o silêncio fale por elas
Quando a boca se cala
Que o silêncio seja bendito
Preenchendo o vazio de sons


Ianê Mello

(18.10.13)

*
Pintura de Rene Magritte

3 comentários:

Lídia Borges disse...


As palavras, matéria melindrosa com a qual os poetas talham flores e perfumes.

Um beijo

Sol disse...

passando por aqui e me deliciando com suas lindas palavras...
bom domingo pra vc..

bjs.Sol

Patrícia Pinna disse...

Boa noite, Ianê. Conhecendo os seus poemas hoje, lendo e amando.
Parabéns pelo seu dom.
Já fiquei por aqui.
A amiga e poeta, Carmem Lúcia, falou muito bem de você, da sua obra.
Tenha um excelente domingo.
Beijos na alma!