quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

CORPO QUE JAZ




pela madrugada afora
nas horas de insônia
corpo cansado
ao descanso não se rende
olhos embassados
pela leitura
mente inquieta

...

há dias me sinto assim
angústias dentro de mim
indagações sem respostas
perguntas vãs e suspensas
e eu, equilíbrio frágil
acrobata delirante
na corda bamba

...

o circo já montado
a platéia a espera
o show acontece
como tem de ser
o dia amanhece
no rosto pintado
um largo sorriso

...

em cordas suspensa
piruetas improviso
ensaio perigos
quedas imaginárias
a lona esticada
amortece o tombo
prolonga a queda

...

nem osssos quebrados
nem fraturas expostas
nem sangue
nem nada
mas algo se quebra
inútil disfarce
a morte é súbita

...

não há mais circo
não há mais platéia
show já não há
apenas um corpo
que jaz ainda em vida
sequelas da dor
que não ousa cessar


Ianê Mello

(05.02.14)

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