sexta-feira, 1 de março de 2013

DESTINO DO POETA





Vento venta ventania
Cabelo no rosto na luz do dia
Desperto desprendo deságuo
Poesia é momento
É fardo é fato é fado
Sentimento safado
De doer até os ossos
De roer por dentro a carne
Músculo e face
Dormente palavra arde
Crepita pulsa sanguínea
Palavra que desalinha
Tece a trama
Arranha a teia
Urdidura e drama
Na cabeça cheia
Versos dissonantes
Louca melodia
Distorcidos amantes
Na cama vazia
Claro que quero
Um pouco mais
De tudo sempre
Um solo um blues um uivo rouco
Coração desenfreado
Poeta louco
Leminski que me acuda
Que a lua branca e muda
Já se esconde em meu olhar
E o que delira em mim
É o lobo que espreita
Estepe esteio êxtase
Viver é uma questão de sentir
Desconstrução do real
Naufrágio lento
Tudo o mais é silêncio
 Fechar os olhos
 Dormir em paz


Ianê Mello

(06.02.13)

*

Arte de Igor Morski.

4 comentários:

OceanoAzul.Sonhos disse...

Um poema repleto de musicalidade.
Gostei muito.
cvb

Dilmar Gomes disse...

Mais um lindo poema de tua criação, amiga Ianê. Lindo, mesmo! Gostei da citação de lobo e estepe, o que trouxe à minha mente Hermann Hesse, escritor que eu amo.
Um abraço. Tenhas um lindo fim de semana.

Ianê Mello disse...

Obrigada pela visita OceanoAzul, Bjs.

Ianê Mello disse...

Sua visita sempre me alegra, amigo Dilmar. Obrigada pelo carinho. Bjs.