" Eu nasci na vertical, mas o mundo
é oblíquo."
(Popô)
(Ao Popô in memoriam)
Tendo as ruas como morada
Sem
abrigo, sem conforto
um ser que não tinha nada
um ser que não tinha nada
nem
um lugar como porto
Sem
um teto como abrigo
passava seus dias assim
passava seus dias assim
temendo
pelo perigo
de
darem a sua vida um fim
A
maldade alheia exposto
ainda
assim conservava
um
sorriso em seu rosto
a
quem com ele falava
Dia e noite ao relento
tantas
noites mal dormidas
coração sempre atento
coração sempre atento
as
agruras desta vida
Tendo
a fome como companhia
e
a avassaladora solidão
também tinha a poesia
também tinha a poesia
na
palma de sua mão
Naquele simples homem havia
Naquele simples homem havia
mais
do que a fome derradeira
a
inexplicável sede da poesia
que
até suplantava a primeira
Pois numa tarde qualquer
Pois numa tarde qualquer
sua
voz se fez calar
e
hoje um verso sequer
ele
nos pode ofertar
Ele
se foi com o vento
num
domingo sem aviso
deixando
em meu pensamento
a
grandeza de um sorriso
Em
nós deixou a lembrança
difícil
de se apagar
uma
nesga de esperança
perdida
em seu olhar
Pelas
ruas sempre o buscaremos
com
o brilho do nosso olhar
como a vida que não morre
como a vida que não morre
apenas
deixa-se resgatar
Seus
versos, enfim, ganharam asas
Que
o poeta possa voar!
Ianê
Mello
(20.01.14)
(20.01.14)
Nenhum comentário:
Postar um comentário