segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

ESPERA QUE NÃO FINDA



A rudeza contínua da espera
encanta a proximidade do encontro
tal qual a brisa pura e fresca
alivia o ardor intenso  do verão

em pequenas doses de desassossego
ensaio meu pranto e desvario
e em notas dissonantes e dispersas
perco o prumo e o rumo da canção

em si bemóis e dós descontrolados
acordes impossíveis, inalcançáveis
ensurdecem ouvidos moucos
em rasgos de lucidez e desatinos

e a vida num lampejo se avizinha
como o silêncio que escapa da morte
em corpos doloridos  em abandonos
em almas já perdidas pelo desencanto



Ianê Mello
(16.02.15)

 
*Arte de Margarida Cêpeda

Um comentário:

Dilmar Gomes disse...

Amiga Ianê, bom te encontrar novamente, aqui na blogsfera, e apreciar teu poema com a qualidade de sempre.
Um abraço. Tenhas uma linda 4ª feira.