domingo, 22 de fevereiro de 2015

SUA AUSÊNCIA




Eu sinto tanto
tanto a sua falta
amores escondidos
em tardes nuas
olhares entorpecidos
em brancas nuvens
bocas emudecidas
num doce beijo

Ah, eu sinto tanto
tanto a sua falta
corpos entrelaçados
num tácito encontro
desejos adormecidos
em lençóis de seda
almas interligadas
numa espera muda

Ah, como eu sinto
sinto tanto a sua falta
noites enluaradas
ao balançar da rede
palavras sussurradas
ao pé do ouvido
corpos anestesiados
pela embriaguez do vinho

Ah, mas como eu sinto
sinto tanto a sua falta
nas manhãs ensolaradas
quando desperta do sonho
em minha cama vazia
seu corpo não mais repousa
e nessa ausência doída
abraço seu travesseiro

e em lágrimas que não contenho
deságuo minha solidão
numa súplica inútil e vazia
enquanto a realidade me chama
ao despertar do relógio
que anuncia mais um dia

tendo apenas na solidão
minha única companhia



Ianê Mello
(20.02.15)


* Arte de Anka  Zhuravleva