Eu tentei
juro que tentei
percorri espaços
amparei abraços
calei sons
transpus limites
venci caprichos
acatei palavras
sussurrei amores
espantei temores
...
em vão
eu tentei
eu juro que tentei
mas a carne é fraca
o limite é tênue
a paixão vadia
o sentir tão vão
a cama tão fria
a língua tão áspera
mas eu tentei
eu juro
abri mão da solidão
enterrei meus pés no chão
cavei um poço sem fim
mergulhei pra dentro
bem fundo tão
fundo
me perdi em mim
não fuji
não menti
não trai
e agora
o que faço
com esse imenso cansaço?
não sei como voltar
não posso mais ficar
meus passos
se perderam
se perderam
no caminho
Ianê Mello
(07.03.14)
* Fotografia de Anka Zhuravleva
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