quarta-feira, 21 de julho de 2010

A face da dor




O que me resta nesta noite escura
Os olhos marejados de lágrimas
A solidão a corroer o peito, sem dó
Como dói esse sentir
Esse grito preso na garganta 
Essa boca fechada sem mais palavras
Esse corpo que padece dos males da alma
Como encontrar o que perdi de mim pelo caminho
Juntar os pedaços que ficaram pelo chão
Cada perda, cada desilusão, cada ofensa
Como resgatar o que de mim resta
O melhor de mim, o meu melhor
Será que há ainda como juntar meus pedaços
Reconstruir-me inteira e mais forte
Encontrar em meu interior a paz que necessito
A paz que me falta, minha paz de espírito
Não sou só um corpo, sou muito mais
Sou uma alma que chora, que sente, que sofre
Me olhe por dentro, por favor, me veja
Esqueça meu corpo, meus atrativos de mulher
Tente olhar para dentro de mim e me verá
Verdadeiramente a mim, no que sou de mais puro
Não olhe meu corpo como se eu fosse uma mercadoria exposta
Não estou a venda, nem a mostra para seus ou outros olhos
Tudo que quero é seu carinho e abraço sincero
Tudo que desejo é sua mão na minha, seus olhos nos  meus
Tudo que preciso é ser vista em minha essência
Olhe para mim só mais uma vez... além de mim
Para além do corpo físico
Você consegue me ver?


Ianê Mello

2 comentários:

Hugo de Oliveira disse...

Belíssimo texto, apesar de triste.

abraços

Hugo

Ianê Mello disse...

Hugo

É amigo, a inevitável tristeza.

Bj.