quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A ETERNIDADE DA ALMA





Ela estava por ali, caminhando pela praia num dia de sol, como qualquer outro. Mas esse dia não era igual a qualquer outro. Caminhava a esmo por falta de algo melhor para fazer. Não que desgostasse de caminhar na praia, mas hoje seu coração estava apertado. Ela resolveu sair de casa pois precisava de um pouco de ar fresco. Se sentia sufocada entre quatro paredes. Aquela notícia a havia abalado. Precisava refletir...
Quantas voltas dá o mundo e quão pequenos nós somos diante da finitude da vida. Sim, o tempo não perdoa, temos o nosso tempo aqui na terra e um dia chega a hora da partida. Nem sempre estamos preparados para essa despedida definitiva dessa vida. Por mais que tentemos nos preparar para esse momento, nos apegando à uma religião, à uma filosofia, à uma crença.... Quando a fatalidade bate à nossa porta não temos vontade de abrí-la. Nos encolhemos num cantinho e esperamos que ela resolva desistir e ir buscar outro alguém, quem sabe... Mas não adianta fugir, adiar o que é destino. Nosso livre arbítrio termina aqui. Pra que resistir, então?
Na beira da praia, com o vento soprando  em seu rosto e o sol a queimar-lhe a pele sentiu-se viva e como era boa essa sensação! Até quando a sentiria, não poderia saber, mas decidiu que não ficaria chorando pelos cantos com pena de si mesma. Não, isso não. Com tudo o que havia aprendido não poderia permitir-se tal atitude. Seria  imatura. Agora era a hora mais importante. Aplicar todo o conhecimento que obtivera para enfrentar o medo.
Iria sorver da vida cada momento, como um bom cálice de vinho. Saborear cada dia, como único. Cada momento como mágico. Abraçar seus amigos, seus parentes, seu amor, como se fosse o último abraço. Gritar EU TE AMO para o mundo! Acolher um ser desprotegido em seus braços. Sorrir para as pessoas na rua. Cumprimentar seus vizinhos com um feliz "Bom dia!" . Fazer as pazes com aquele amigo que não fala a muito tempo; esclarecer as diferenças. Pedir perdão e perdoar. Entragar-se à todos os momentos de braços abertos, coração presente, inteira. Fazer amor a noite toda e  acordar abraçadinha ao seu amado, beijando-lhe a nuca com carinho.
Ela sabe que terá outras chances de voltar. Que sua alma é eterna. Outros corpos ainda habitará. Reencontrará  pessoas amadas, amigos e também inimigos, com os quais terá a chance de se retratar de algum mal que possa ter-lhes causado. Sim, terá uma nova chance, uma nova vida, em que procurará ser melhor, dar-se mais, amar mais, compreender melhor as pessoas e a si mesma. Essa é a vida, para isso estamos aqui, para aprendermos, para crescermos como seres humanos. Com isso, nossa alma se engrandece e se torna cada vez mais pura. Um dia, depois de muitas passagens por esse planeta, quantas forem necessárias,  não precisaremos mais  voltar e poderemos prescindir desse corpo  para vivermos a eternidade da alma.  Esse dia também chegará para ela, disso tem certeza. Sorri, um sorriso franco e sereno e se joga nas águas do mar azul.


Ianê Mello


Crédito de imagem: Google

4 comentários:

Dilmar Gomes disse...

Amiga Ianê, gostei muito do texto; de início, me liguei na estrutura da escrita, mas por fim fiquei absorto no conteudo, com qual concordamos em cem por cento. Muito bom.
Um grande abraço. Tenhas uma boa noite.

lídia martins disse...

O livre arbítrio, ao meu sentir, foi a maior arma de precisão já inventada. Pena, que muitos de nós, não tem habilidade para manuseá-la.


Essas tantas passagens me inquietam. Às vezes tenho a impressão de que vivo sob forte influência de vidas passadas.


Muito madura a reflexão.

Nilson Barcelli disse...

Não sou crente (gostava de o ser), mas o teu texto é muito interessante.
Querida amiga Ianê, bom resto de semana.
Beijo.

Ianê Mello disse...

Agradeço aos amigos pela atenta leitura do texto .
Voltem sempre.
Grande beijo.