sexta-feira, 30 de julho de 2010

A Tua Espera



Esse amor me domina
penetra em todos os meus poros
me desgoverna...
Me sinto criança
feliz na descoberta dos sentidos
Adolescente apaixonada
Pernas trêmulas, friozinho na barriga
a espera do primeiro namorado
Ansiosa pelo encontro
por olhá-lo nos olhos,
sentir tua pele,
teu toque em meu rosto
Já sou tua,
como num juramento cigano
Somos unos, em perfeita comunhão
Sonhamos os mesmos sonhos,
partilhamos os mesmos desejos
Te ver é só o que quero
Sentir-me em seus fortes braços
desmanchar-me num abraço
Ser sua sem medidas...
toda, inteira e completamente
Tua Flor
Teu amor
Teu bem-querer
Tua fonte de prazer
Onde desaguará suas águas
como um rio caudaloso
ao encontro do mar
Te espero ao contar das horas
Ao seguir dos dias que se passam 
Vivo meus dias para esperar-te


Ianê Mello



OBS:Para alguém especial em minha vida.

domingo, 25 de julho de 2010

Encontro Casual


- Olá, tudo bem?
- Você vem sempre aqui?


Um encontro casual

Uma atração que impulsiona os corpos
O que se diz não importa
A intenção é aproximar-se de alguma forma
Não perder a oportunidade de não ficar só
E então, rola um beijo, um abraço
À princípio um pouco tímido
e pouco a pouco esquentando
A língua mais invasiva
A mão mais atrevida
No corpo o brotar do desejo
Sensação boa de sentir-se vivo
O prazer sobe à cabeça
Perde-se a razão frente ao tesão
Não importa mais quem é aquele(a) desconhecido(a)
Só o prazer importa e fala mais alto o desejo
Pra que esperar mais?


- Podemos sair um pouco daqui? Ir para um lugar mais tranquilo?

- Porque não?


E dois estranhos se vão, se deixam levar

A noite vai ser boa
É o que promete a casualidade
Um alento para a solidão
O tempo dura um instante
Talvez numa curta reflexão
Dele...dela?
Mais provável lque dela
Mas ela a faz calar com um suspiro
Aquieta a culpa
Diz para si mesma: sou adulta
Chegam ao motel de destino
Abraçam-se freneticamente
Beijam-se, lambem-se, tocam-se
O calor a subir pelas entranhas
O desejo a gritar
Jogam as roupas pelo chão
Mal se olham
Será para evitar uma sensação de estranheza?
Se atiram na cama e as carícias cada vez mais quentes
As mãos cada vez mais audazes
Os corpos suados, enxarcados de desejo
Ela sente ele a penetrá-la com força
Meio que displicentemente
Nem todo homem se preocupa com essas coisas...
De repente, ela tem uma estranha sensação
Falta algo e essa incompletude é tudo
Fica indiferente e torce pra que tudo acabe rápido
Pronto... ele se satisfaz e nem repara que ela finge
um gozo que gostaria de realmente sentir
Ele se levanta e ela escuta a água do chuveiro
Ela contem uma lágrima que teima em querer escorrer
Espera ele voltar e se levanta devagar
Abre a torneira e deixa a água escorrer pelo seu corpo
lavando-lhe a alma e misturando-se as lágrimas
que teimam em rolar-lhe pela face
A sensação d evazio lhe preenche
Tudo o que quer é ir para casa
ficar em paz com sua solidão


Ianê Mello

A Ausência




Minha solidão tem a forma de um homem
Um homem que vem e  se vai
ao sabor do vento, das marés
Ora o tenho por perto
Ora só vislumbro ao longe sua figura
Forma concreta ao tato  e a visão
Abstrata no sentir e na permanência
Homem que desejo e ao mesmo tempo não
Por medo de perdê-lo, me perco
Em devaneios loucos, com ele sonho
Na manhã que chega não o vejo mais
A solidão da cama vazia
As formas de seu corpo no lençol
O calor de seu corpo ainda a me queimar
Seus beijos posso sentir em minha boca entreaberta
Em meu corpo saciado no desejo satisfeito
Agarro-me a lembrança de sua presença em minhas mãos
Em pensamento me deleito em sensações de prazer
Agarro o travesseiro e sinto seu perfume
De seus cabelos ainda úmidos do banho
Ah... seu perfume, seu calor, suas mãos
Ainda posso sentí-los... doce lembrança
Levanto com vagar e minha cabeça gira
Enrolo no lençol meu corpo nu
O dia amanhece....



Ianê Mello

No cais




O telefone que não toca...
Coração aflito em busca de notícias
Nem uma palavra sua, nem um movimento
Onde estarás que não encontro?
Na beira do cais
acompanho o movimento dos barcos

Algum deles me trará você?
Marinheiro de longa viagem
De porto em porto
E eu a esperar
Solitária e lívida, ávida de amor

Seus carinhos,os dará à outras?
Uma mulher em cada porto
Carinhos por mim tão esperados
Quando os terei só meus?

A espera me maltrata
numa angústia sem fim
Preciso vê-lo ao menos mais uma vez
Sentir o peso de seu corpo sobre o meu
Minha respiração a ofegar
Em seu gozo ouví-lo  a gritar
Lobo solitário que se solta e uiva
Canção para meus ouvidos amantes

Venha, meu amor, te espero
Não se demore mais
A impaciência é inimiga  do amor
Tenho medo que outros ventos
levem para bem longe o que sonhei



Ianê Mello

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Eu e a noite




A noite me devora
com seus olhos pardos
e meu corpo em brasa 
se entrega à volúpia

Em seus braços serenos
a imaginação cria asas
Explodem estrelas cadentes
iluminando o firmamento

Somos unas, a noite e eu
Cúmplices do mistério
As sombras não mais assustam
Tenho a Lua como companhia



Ianê Mello

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A face da dor




O que me resta nesta noite escura
Os olhos marejados de lágrimas
A solidão a corroer o peito, sem dó
Como dói esse sentir
Esse grito preso na garganta 
Essa boca fechada sem mais palavras
Esse corpo que padece dos males da alma
Como encontrar o que perdi de mim pelo caminho
Juntar os pedaços que ficaram pelo chão
Cada perda, cada desilusão, cada ofensa
Como resgatar o que de mim resta
O melhor de mim, o meu melhor
Será que há ainda como juntar meus pedaços
Reconstruir-me inteira e mais forte
Encontrar em meu interior a paz que necessito
A paz que me falta, minha paz de espírito
Não sou só um corpo, sou muito mais
Sou uma alma que chora, que sente, que sofre
Me olhe por dentro, por favor, me veja
Esqueça meu corpo, meus atrativos de mulher
Tente olhar para dentro de mim e me verá
Verdadeiramente a mim, no que sou de mais puro
Não olhe meu corpo como se eu fosse uma mercadoria exposta
Não estou a venda, nem a mostra para seus ou outros olhos
Tudo que quero é seu carinho e abraço sincero
Tudo que desejo é sua mão na minha, seus olhos nos  meus
Tudo que preciso é ser vista em minha essência
Olhe para mim só mais uma vez... além de mim
Para além do corpo físico
Você consegue me ver?


Ianê Mello

Afinal, o que é a liberdade?




É incrível perceber
que a tão desejada liberdade
é muito mais que fruto da imaginação
Quando a liberdade alcançamos
nem sempre sabemos o que fazer com ela
Como prencher espaços vazios, lacunas, ausências
Nos enganamos ao pensar
que para adiquirirmos a tal liberdade precisamos estar sós
A verdadeira liberdade não requer a ausência do outro
Porque a verdadeira liberdade está dentro de nós
Nós é que nos tolhimos, nos proibimos, nos castramos
a cada momento , a cada instante de nossa vida
E quando estamos sós e vemos o mundo à nossa frente
a primeira sensação é o medo da vastidão de possibilidades,
de assumir a liberdade de escolhas
Que caminho tomar, que direção seguir?
De onde vinham os grilhões , então?
Do outro que nos impedia , nos freava os impulsos
ou estariam eles arraigados em nós mesmos?
Quando nos vemos libertos da presença do outro
temos que olhar verdadeiramente para dentro de nós
Perguntar ao nosso coração quais nossos reais desejos e sonhos
A casa vazia, a ausência, o silêncio, a solidão...
São preços que pagamos pela liberdade externa
tantas vezes sonhada por nós
A convivência constante e profunda com nosso próprio eu
O enxergar no espelho nossa verdadeira face
É u processo longo e doloroso
Caminhos tortuosos tomamos, direções adversas, quantas
Mas é preciso aprender a caminhar pelas próprias pernas
Correndo riscos, experienciando coisas novas, crescendo
Só assim, errando para acertar,enfrentando o medo,
buscando a melhor direção, nos libertamos de nós mesmos
e descobrimos que tínhamos a chave da prisão todo o tempo
equanto delegávamos esse poder ao outro
Agora sim, isto vivido com intensidade, 
conheceremos, enfim, a verdadeira e almejada liberdade.




Ianê Mello

terça-feira, 20 de julho de 2010

Quando a saudade bate





Às vezes me acomete esse sentimento
Angústia, saudade, nostalgia, solidão
Pode ser a tarde que se vai e o traz consigo
Pode ser a noite que finda com a madrugada
Pode ser o dia que amanhece, mesmo que ensolarado

Pode ser a cama vazia e a ausência
Pode ser o café da manhã a sós
Pode ser  o silêncio que se aprofunda
Pode ser essa sensação de vazio
Pela falta daquela presença a meu lado

Esse nó no estômago pode ser medo
Esse grito trancado esconde um segredo
Essa vontade louca  de novamente ser amada
Essa presença constante em minha vida
Marcada pelos detalhes das lembranças

A rotina nos faz perder o brilho do amor
Tudo se torna opaco, fosco, aquém da medida precisa
A ausência desses mesmos detalhes
Pequenos e marcantes detalhes
Inesquecíveis em minha mente
Traz a dor do que foi perdido
Na falta é que se dá valor à essas pequenas coisas rotineiras
Tão óbvias, tão desvalorizadas quando se tem
Tão relembradas e queridas quando se perde.


Ianê Mello

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Viajante do tempo





Noites insones se deitam
pela madrugada adentro
Olhos que se fecham
mas fica o pensamento
O vazio da cama
A ausência de um amor
Será que ele me chama
em algum lugar, seja aonde for?
Meu coração aquietou-se
no compasso da espera
mas uma voz não calou-se
brada pela primavera
Se possível fossse viver
amor puro e verdadeiro
gostaria de pelo menos poder
experimentá-lo por inteiro
Quantas esperanças depositadas
em quantos homens que amei
e por quantos fui amada
 na medida do que desejei?
Respostas não as tenho agora
e minha vida segue adiante
E para mim qualquer hora
serei sempre e eterna viajante
No tempo que transcorre
deixo  profundas  marcas para trás
mas não marcas de quem morre
e sim de quem vive cada vez mais.



Ianê Mello

terça-feira, 13 de julho de 2010

Instinto Maternal

 


Sozinho  e com o corpo ao relento
pareces um menino sem rebento
Olhos fitos no vazio da angústia
Corpo como um feto não nascido
O que esconde nesses olhos  que não vêem?

Que segredos quererá compartilhar
Será que ao ver à sua frente os olhos de mulher
esboçaria reação alguma em seu olhar?
Ou a indiferença permaneceria
nessa noite escura e fria

Corpo inerte e sem vida
jogado numa cadeira
de uma casa
de um lugar qualquer

Abandonado, sozinho
perdido em seu caminho
sua mãe poderia ser...
Te embalaria nos braços
te envolveria num abraço
sem mais tempo a perder.

Doce menino franzino
que homem puderas ser?



Ianê Mello



Uma homenagem  à bela pintura do querido amigo Vino Morais.
http://vinoartes.blogspot.com/

sábado, 10 de julho de 2010

Valquíria


 


Sinto a rudeza das rochas
em minha pele branca
onde ficam marcas de arranhões
Ralo a pele fina e sinto a dor sangrar

Masoquismo é o que sinto?
Responda você que é esperto
Você que passa pela vida sem arranhões
Boneco de pano rústico é o que é

Sou humana, reconheço a dor
Sinto a dor e não a temo
Como se fugir fosse evitá-la
Ela está à espreita e zás....

Carrego ela comigo sem medo
Não nego que tira meu sossego
Minha paz e contentamento
de  um viver mais livre e feliz

Mas o que fazer se ela aqui está
Deixo-a ficar e sinto seu propósito
Deixo que percorra minhas lágrimas
com seus dedos de vidro

A dor é milenar e sempre existirá
Seus olhos são de aço que cortam meu olhar
Cegando-me momentaneamente
Mas minha visão irá voltar

Sou guerreira, de espada em punho
Sou valquíria em meu cavalo
Sou dona de mim, a mim pertenço
Não fujo do combate enquanto viver.







Ianê Mello



Curiosidade:

Na mitologia nórdica, as valquírias eram deidades menores, servas de Odin. O termo deriva do nórdico antigo valkyrja (em tradução literal significa "as que escolhem os que vão morrer").
As valquírias eram belas jovens mulheres que montadas em cavalos alados e armadas com elmos e lanças, sobrevoavam os campos de batalha escolhendo quais guerreiros, os mais bravos, recém-abatidos entrariam no Valhala. Elas o faziam por ordem e benefício de Odin, que precisava de muitos guerreiros corajosos para a batalha vindoura do Ragnarok.
As valquírias cavalgavam nos céus com armaduras brilhantes e ajudavam a determinar o vitorioso das batalhas e o curso das guerras. Elas também serviam a Odin como mensageiras e quando cavalgavam como tais, suas armaduras faiscavam causando o estranho fenômeno atmosférico chamado de Aurora Boreal.

Fonte: Wikipédia

Meu Corcel Negro






Nem sempre a palavra que guardo é a que me contempla
nem mesmo a que expreso em parcas linhas
Como palavrear um sentimento
que corrói por dentro e desatina

Nem sempre o que expresso é o que sinto
ás vezes o que sinto é o que calo
Leia nas entrelinhas e bem atento
meu sentir a galopar num cavalo

Nua em pelo num imenso cavalo negro
percorro as asas do sonho e magia
Corcel negro me leva longe da agonia
no seu cavalgar me abandono e entrego




Ianê Mello

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Um Corpo de Mulher





Tua tez clara , alva como a neve
faz imaginar ao toque  maciez sem par
Seu corpo desnudo, insinuando suas formas
A mão nos cabelos vermelhos como fogo
Figura de mulher que prende o olhar

Mulher que sou admiro essa beleza
embora não a nível do desejo
Imagino um homem a observá-la
e minha imaginação dá voltas
Posso sentir o cheiro do amor no ar
... Ah.... como desejo ser amada assim.



Ianê Mello





OBS: Não deixem de conhecer esse maravilhoso pintor dessa tela " Guilherme de Farias ".

terça-feira, 6 de julho de 2010

Frida Kahlo




Frida Kahlo (1907-1954) é a autora de tantas obras fantásticas, quase tão fantásticas como história da sua vida. Uma vida cheia de paixão, tragédia,
amor, ódio, dor e felicidade. 
Quero aqui falar desta grande mulher e artista ,  corajosa e de rara fibra, além de um talento surpreendente.
Para me fazer entender, preciso falar um pouco de sua vida.
Aos seis anos contraiu poliomelite, o que à deixou coxa. Já havia superado essa deficiência quando o ônibus em que passeava chocou-se contra um bonde. Ela sofreu múltiplas fraturas, pois uma barra de ferro atravessou-a entrando pela bacia e saindo pela vagina. Por causa deste acidente fez várias cirurgias e ficou muito tempo presa numa cama. Era acometida de dores lancinantes.
Quando lhe tomada a vida naquilo que mais prezava, sua inteira liberdade, seu poder de ir e vir pelas suas próprias pernas, ela buscou maneiras de superar essa dor.

Começou a pintar durante a convalescença, quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama.

Frida sempre pintou a si mesma: "Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor". 

Pintava suas angústias, suas vivências, seus medos e qundo casada, seu amor pelo marido Diego Rivera. 

Frida definia o Surrelismo de forma bastante própria:

"Surrealismo é a surpresa mágica de encontrar um leão num guarda-roupa, onde tínhamos a certeza que encontraríamos camisas."
                                                                         
À você uma homenegem


Fulgurante criatura
de extrema vivacidade no olhar
Seus pés pareciam asas
sempre prontos pra voar
Quando era uma menina
sua alegria contagiante
enternecia o olhar,
andando sempre saltitante
com  o mundo a girar

Audaz para uma mulher,
por vezes até ferina,
mas de encantadora ternura
com um jeito de menina
Não disfarçava desejos
e opções sexuais diversas
Sem temer os julgamentos
agia por conta e risco
sem se preocupar com os parâmentos
de um falso puritanismo.
Sempre com intensidade viveu
da vida extraindo o sumo
até o dia em que morreu.
Muitos amantes passaram
por sua curta e sofrida vida
Muitos a admiraram
e outros tantos a invejaram
Mas apenas um ela amou
e por ele foi amada
Era famoso pintor
por ela admirado
Mas grande conquistador
e além de tudo casado
Homem sedutor e carinhoso
a fez sentir-se uma mulher
perfeita como qualquer outra
sem um defeito sequer
Mas tal homem, esse Diego,
defeito grave lhe revelou
Apesar de tanto amá-la
não sabia ser fiel
e queria desposá-la
Ela concordou, talvez
pensando que com seu amor
o libertaria de vez
dessa falta de pudor
Cometeu assim um engano
e tal não aconteceu
e num breve desengano
o seu amor feneceu
Sempre lidando com a dor
que constante a acometia
entregou-se, mais e mais,
ao seu amor pela pintura
Em seus quadros retratava
sua vida, suas desventuras, seu sofrimento
Em tudo o que pintava
tinha em si mesma o centro
E assim, levou sua  curta vida
Vivida intensamente, com paixão
E curou  a dor  e  a ferida
com as tintas da ilusão.


Ianê Mello






domingo, 4 de julho de 2010

Toque de Cetim





Ao toque das mãos nuas sobre sua pele lisa
Sinto o arrepio a percorrer seu corpo
que estremece de prazer
Toco mais suavemente
e sinto ele relaxar pesadamente
nos lençóis de cetim vermelho
Sua pele branca que contrasta
com o vermelho sangue 
excita meus sentidos já aguçados
Percorro com minha boca úmida
cada centímetro de sua pele
Beijo, mordisco, passo minha língua de leve
Você está entregue...inteiramente
Nesse momento mágico
que se prolonga na madrugada
até o nascer de mais de um dia
com o sol a penetrar 
pelas frestas da cortina...
Amanhece.


Ianê Mello

Um grito no Deserto





Como uma branca flor
no deserto despontou
tingida de vermelho sangue
que a pureza dissipou 
De beleza singular
para sempre carregou
em seu coração a tristeza
de uma dor que eternamente sangrou.




Ianê Mello




 OBS: Baseado no belísimo filme " A Flor do Deserto".





Foto da atriz principal " Liya Kebede " , cujo personagem chamava-se Waris Dirie, que significa "Flor do Deserto".

Tatuagem

 Pintura de Giuseppe Dangelico



Acordei 
no meio da madrugada
A cama vazia ao meu lado
A dor de uma ausência
que se sustenta de lembranças
Posso imaginar sua silueta no escuro
mas você não está ali
A presença  que ficou marcada
como uma tatuagem em minha pele
aquela que quis fazer e não fiz
(por medo de sentir dor)
e agora dói e queima como fogo
Mas em minha pele lisa e branca
não se vê nem vestígio, nem um traço
que nessas mal traçadas linhas
nesse poema refaço.


Ianê Mello

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A dor do parto






A cada momento
A cada passo  
A cada dor
A cada  espaço
No compasso da espera

Sinto a ausência
A saudade de momentos
Que sequer existiram
Estar só...
Ser só...
Opção para a sobrevivência
Da minha identidade
Da minha verdadeira essência

As máscaras tombaram ao chão
Meu rosto transparece
Por entre nuvens de algodão
Nem eu mesma o reconheço
As marcas da dor nele estampadas
Como uma pintura feita a mão
A vida a fez, dia a dia
Em rasgos de alegria
Em sorrisos desfeitos
Em lágrimas embaçando a visão
Na perda de sentido

Onde estou agora?
O que sou afinal?
Em que momento me perdi de mim?
A vida segue seu rumo
Eu aqui ... só, mais uma vez
Vagando em meus pensamentos
Desejando uma  companhia
Que de alguma forma preencha
Esse vazio imenso que restou
Essa ausência de mim
que dentro aqui ficou



Ianê Mello

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Vida que Devora





Quando caminhava pela estrada escura e fria
não  sabia que rumo tomar
Embriagada por meus próprios  medos e dúvidas
me deixei levar como uma autômata
Andava a esmo, sem direção
Filha de mim mesma
Ser que me tornei
Compreendi toda a dor
da solidão, do abandono
Compreendi todo o amor negado,
arrancado de nós
Quando a vida nos tirou do ventre materno,
ambiente aconchegante e protegido
em que nos sentíamos amados, cuidados

E a vida disse: VAI!!!!
Vai agora para a imensidão do mundo
Vai viver como os humanos vivem
Vai sentir dor, fome, medo, pavor, solidão, desamor
Mas vai, não se demore,  não foge...
Fugir é pior do que morrer

Enfrenta teu medo e te faz forte
Aguenta as dores, as desilusões, "os falsos amigos"
Sim , agora você está só e é tua a opção
Enfrentrar o medo ou entregar-se e morrer
cada dia mais um pouco,
cada vez um pouco mais.



Ianê Mello