segunda-feira, 25 de julho de 2011

ANJOS A CANTAR






Para Amy Winehouse





Esse mundo não favorece as pessoas dotadas de grande sensibilidade. A vida é dura e ácida, como pedra e limão. Ter a alma sensível torna maior o sofrimento humano e nem todos aguentam enfrentar de cara limpa tamanha dor. 
Apelam, então, para drogas, para barbitúricos, para o álcool. Fraqueza, sim, mas quem não pode ser fraco em momentos de sua vida.
O dia transcorre louco, cada qual com a sua rotina, mesmo que essa seja a pura monotonia de ficar o dia todo em casa assistindo tv ou na internet. 
Quando o dia passa e a noite vem, o coração desacelera e o corpo pede repouso, nessa hora, o pensamento vôa. É quando, geralmente tudo vem: a briga que tivemos, aquilo que não dissemos, a pessoa que não abraçamos, o que queríamos ter feito e não fizemos. E por vezes nos vemos num grande buraco, encimesmados em nós mesmos, trancados em nossos medos e fragilidades, enquanto a vida lá fora gira, o tempo não para. E o quanto nos esquecemos de quem verdadeiramente somos, do nosso lugar nesse mundo, de nossa alma, tudo perdido no meio da inércia ou do excesso de afazeres.
E as máscaras, quantas máscaras temos que usar para atrair a platéia. E quantas vezes temos que sorrir desejando chorar. E quando temos que falar e não encontramos palavras, mas temos que impressionar. E quando temos que cantar, mas a voz está presa na garganta e temos que fazer um imenso esforço para que saia. E quando temos nossa vida invadida, quando tudo o que queríamos era privacidade. Paparazzis a nos fotografar nos momentos mais inoportunos. Jornalistas a nos sufocar com perguntas. E quando temos que ensaiar, ensaiar, sem parar, para um show , quando tudo que queríamos era dormir.
A vida passa... o tempo parece voar, ainda mais nos labirintos da fama. 
Quando teremos tempo para sermos pessoas comuns? Quando teremos tempo para sermos amigos uns dos outros? Para nos olharmos nos olhos, sem reparar em nossas vestes? Para darmos as mãos e saírmos por aí como se nada mais existisse, simples e puros como duas crianças, sem que ninguém nos reconhecesse ou sequer nos visse.. 

- Ei, amigo, vem comigo!  Vamos ver o sol raiar na praia. Senta aqui na areia ao meu lado.
- Feche os olhos, deixe seu coração criar asas!
- Estamos rodeados de anjos, nossos protetores, todos à nossa volta.
- Então deixe que eles cantem e cantemos com eles.

Nos demos as mãos, dois seres simples e desconhecidos e começamos a dançar naquela praia. Não havia nada a nossa volta para nós. E cantamos, cantamos, cantamos....músicas das quais nem me lembro mais. e dançamos, dançamos, dançamos... E nosso coração se alegrou... e a vida toda se resumiu naquele instante.


Crédito de imagem: Foto de Amy Winehouse do google




2 comentários:

Isa Baccara disse...

Bellus,Bellus, Bellus, Ianê!


Beijos

Isa Baccara

Ianê Mello disse...

É como sinto toda essa questão, Isa.
Percebi que sente o mesmo pelo seu poema e quis compartilhar esses sentimentos em comum.
Obrigada pela presença. Grande beijo.