terça-feira, 12 de julho de 2011

A Fragilidade da Vida






Crônica por Ianê Mello


Hoje, a angústia se fez minha companheira ao fitar um prédio em chamas. Prédio próximo à minha residência. Podia vislumbrar as chama através de seu reflexo na janela do prédio em frente ao meu. Pessoas nesse prédio se avolumavam nas varandas, movidas, talvez, pela mesma apreensão que eu e outras, acredito, que por mera curiosidade (o ser humano costuma ser curioso, mas nem sempre solidário). De onde eu estava, só conseguia ver com muita dificuldade, o prédio envolto em espessa fumaça que se espalhava. O fogo lambia lento, vagarosamente... ganhando força com o vento.

Saí à rua, pois estava próxima ao local do incêndio. Chegando lá vi que o trânsito havia sido desviado, pois a rua em que o prédio se localiza estava parcialmente interditada, onde carros de bombeiros estacionados liberavam seus homens com suas mangueiras para lutar contra o fogo insano. A dificuldade para acessar a parte do prédio incendiada era grande. Esses corajosos homens buscavam por todos os meios encontrar o melhor acesso para poderem deter o incêndio, bem como para resgatar pessoas que se encontravam ainda dentro dele, com suas vidas correndo risco. Assim como eu, pessoas saíram de suas casas e se amontoavam na rua para ver de perto o que se passava. Mas mal se podia ver a parte do prédio atingida, pois havia um recuo para chegar ao mesmo e a parte atingida pelo fogo ficava no bloco detrás, o que impedia uma visão mais clara. Como terá começado esse incêndio, o que o terá provocado? Ninguém sabia. Quando voltei para casa, liguei a televisão em busca de notícias, pois me sentia aflita e queria saber se havia vítimas. Quase nada se falava, apenas o superficial, pois ainda ninguém sabia de nada mais concreto. Que havia vidas em risco era lógico para qualquer um, mas quantos e qual a gravidade, não se imaginava. Agora sei que houveram algumas vítimas, mas ianda não sei o estado em que se encontram. Fatos assim nos levam a sentir o quão frágil é a vida. Podemos estar tranquilamente em casa ou chegando do trabalho para o merecido descanso e sermos surpreendidos com esse tipo de fatalidade.

Imaginei aquelas pessoas que estavam dentro do prédio. Sua agonia, seu desespero, seu medo da morte e pedi por elas. Imaginei também, àquelas que chegaram de seu trabalho e encontraram esse quadro terrível.

É... viver é estar preparado para tudo, inclusive para o inevitável fim que um dia certamente chegará.


Créditos da imagem: Olhares.com
Uma cidade em chamas, por Bruno Miranda.

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